Capítulo 56

Naquela manhã, o sol de outono tingia Nova York com luz dourada.

As calçadas estavam cheias, os cafés tinham fila, mas Clara e Noah caminhavam devagar — como se tivessem voltado a um tempo que só eles sabiam contar.

A galeria de Gus ficava numa rua discreta do West Village.

Porta azul-marinho, janelas grandes, e um vaso de margaridas meio torto no degrau da entrada.

Clara segurava uma pasta com anotações e Noah uma sacola com dois cafés.

Os dedos entrelaçados, como sempre.

Ao chegarem, a porta já estava entreaberta.

E uma música instrumental soava ao fundo — algo com piano e chiado de vinil.

— Gus? — chamou Clara, entrando.

Do fundo da sala, uma voz respondeu:

— Se forem cobradores, não tô.

Se forem amores, entrem.

Se forem os dois, tragam flores!

Ela riu.

Noah também.

Gus surgiu logo em seguida, com uma boina verde musgo, suspensórios e um pincel atrás da orelha, como se tivesse acabado de sair de um quadro impressionista.

— Ah, meus renascidos favoritos!

Abraçou Clara com entusiasmo
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