Naquela manhã, o sol de outono tingia Nova York com luz dourada.
As calçadas estavam cheias, os cafés tinham fila, mas Clara e Noah caminhavam devagar — como se tivessem voltado a um tempo que só eles sabiam contar.
A galeria de Gus ficava numa rua discreta do West Village.
Porta azul-marinho, janelas grandes, e um vaso de margaridas meio torto no degrau da entrada.
Clara segurava uma pasta com anotações e Noah uma sacola com dois cafés.
Os dedos entrelaçados, como sempre.
Ao chegarem, a porta já estava entreaberta.
E uma música instrumental soava ao fundo — algo com piano e chiado de vinil.
— Gus? — chamou Clara, entrando.
Do fundo da sala, uma voz respondeu:
— Se forem cobradores, não tô.
Se forem amores, entrem.
Se forem os dois, tragam flores!
Ela riu.
Noah também.
Gus surgiu logo em seguida, com uma boina verde musgo, suspensórios e um pincel atrás da orelha, como se tivesse acabado de sair de um quadro impressionista.
— Ah, meus renascidos favoritos!
Abraçou Clara com entusiasmo