O carro deslizou pela estrada cercada de verde, e Clara, sentada no banco de trás, encostava a testa no vidro, observando a paisagem como quem tenta absorver um novo idioma pela janela. As árvores balançavam em um ritmo suave, o céu estava limpo e azul, e cada curva que André fazia parecia deixá-la um pouco mais longe do que ficou para trás.
Sol, no banco da frente, virou-se uma vez ou outra para conferir se a irmã estava bem. Não falava muito — aprendera nos últimos dias que o silêncio também podia ser um tipo de cuidado.
— Estamos quase lá — disse André, com um sorriso gentil.
Clara apenas assentiu. O casaco de lã envolvia seus ombros como um abraço silencioso, e o caderninho de anotações que Noah deixara entre suas coisas descansava em seu colo. Ainda não havia escrito nada nele, mas o peso daquele objeto parecia familiar. Quase íntimo.
Quando o carro entrou na rua de casas claras com cercas baixas e jardins bem-cuidados, Clara endireitou a postura. Aquele bairro tinha uma calma qu