Santiago acabara de encerrar uma reunião com um jovem e promissor escultor. A sala ainda guardava o cheiro de argila úmida trazido nas roupas do rapaz, que era um daqueles talentos raros que, mesmo na aspereza de uma obra imperfeita, deixa transparecer o potencial de algo grandioso.
Ele tinha esse dom: reconhecer a arte ainda escondida no bruto. Foi assim que construiu seu nome e manteve vivos a honra e prestígio do sobrenome Villar, símbolo de excelência entre as galerias, artistas e colecionadores.
Havia dias em que se esquecia do peso desse nome — mas, em outros, ele o sentia como uma sombra constante, lembrando-o de que perfeição e controle eram tudo o que lhe restava. Talvez por isso se encantasse tanto pelo espontâneo, pelo que escapava das formas previsíveis.
Como já era hora do almoço, acompanhou o rapaz até a saída do prédio. Conversavam de modo leve e cordial enquanto cruzavam a porta de vidro que se abria para a rua ensolarada.
Mas, assim que pisou na calçada, Santiago ergue