Ela…
A noite estava fria, mas o gelo que corria pelas minhas veias era mais afiado, mais cruel, como se cada batida do meu coração bombeasse veneno em vez de sangue.
Caminhei ao lado de Lúcio, meus passos mecânicos, o corpo funcionando por instinto enquanto minha mente se afogava em um mar de tristeza.
Ele me observava, os olhos atentos a cada movimento em meu rosto, cada suspiro que eu tentava esconder.
Eu sabia que ele queria dizer algo, talvez encontrar palavras que aliviasse o peso que me esmagava, mas não havia nada que pudesse remendar o que havia sido estilhaçado dentro de mim naquela noite.
— Você quer companhia? — perguntou ele, a voz baixa, quase um sussurro, como se temesse que um tom mais alto pudesse me quebrar de vez.
Seus olhos, normalmente tão calculistas, agora carregavam uma preocupação que me irritava, porque eu não queria ser vista assim — frágil, exposta, destruída.
Por que ele tem que olhar para mim assim?
Como se eu fo