Ela…
Eu deveria saber.
Deveria ter imaginado.
Nada vem sem um custo. Nem mesmo um almoço com meu pai.
Ele havia me ligado pela manhã, a voz mais leve do que nos últimos dias.
— Quero te ver, filha. Só um almoço. Só nós.
Eu hesitei, claro.
Não tenho tido bons dias.
Mas aceitei.
Pela tentativa.
Pela necessidade de manter ao menos uma coisa no eixo.
Eu precisava de alguma normalidade e vi nesse simples convite do meu pai, uma oportunidade de respirar fora da caixinha.
O restaurante era um dos mais discretos, desses em que o silêncio é cortesia da casa.
Ambiente claro, mesas espaçosas, garçons invisíveis.
E meu pai, sentado em um canto reservado, sorrindo como quem esconde um ás na manga.
— Que bom que veio, filha. Você está linda — ele disse, se levantando para me cumprimentar.
— Achei que seria bom te ver fora de c