Ela…
Às vezes, o pior da dor não é a lembrança.
É o corpo que lembra por você.
Sem pedir permissão.
Sem cronograma.
Tenho chorado à noite.
Sem saber por quê.
Às vezes choro no banho, às vezes no escuro do quarto.
Às vezes nem é choro.
É o silêncio denso, um vazio preenchido por um medo que não consigo nomear.
Acordo ofegante, com os lençóis grudando na pele.
Sonho com Clara me amarrando.
Sonho com as cordas apertando meus pulsos.
Sonho com o cheiro de ferrugem.
Mas não é só sobre Clara.
Clara foi o gatilho.
O fósforo.
Mas o que queima agora…
É uma ferida antiga.
Uma que ninguém conhece.
Nem meu pai.
Nem Klaus.