Depois de tanto tempo distante, Lorenzo sentia o peso da ausência em cada respiração. As lembranças das risadas das filhas, das mãos pequenas agarrando seus dedos e dos olhares inocentes que o chamavam de herói, agora pareciam lembranças distantes. A máfia, a traição, a dor... nada disso doía tanto quanto o vazio que aquelas meninas deixaram nele.
Era sábado, e ele sabia — por um perfil discreto que ainda seguia Isabela nas redes sociais — que as meninas estariam no parque. Era a chance. Tinha ensaiado cada palavra, cada gesto. Mas nada o preparou para o que viu.
Isabela estava sentada no gramado, parecendo mais linda do que nunca. Ao seu lado, Valentina ria alto de algo que Guilherme — o amigo fiel, divorciado, espirituoso e abertamente gay — dizia enquanto brincava com Aurora, que corria com um balão na mão.
Lorenzo sentiu o estômago revirar. O sangue ferveu. Aquele homem, tão à vontade com suas filhas... rindo com Isabela como se fossem uma família. Seu maxilar travou.
Tomando cora