Alis não despertou tão cedo, algo incomum para ela. A noite anterior fora como um bálsamo: os lençóis tinham a textura do conforto, os travesseiros exalavam um aroma delicado e envolvente. Até mesmo o tempo que passou com o sobrinho havia sido leve e agradável. No entanto, nada superava a serenidade que advinha da ausência de Brade, seu marido. A vida ao lado dele era um constante turbilhão de tensão e violência.
Brade nunca dava trégua. Se o jantar não estivesse pronto, ele gritava. Se algo não saísse conforme suas expectativas, ele a insultava ou, pior, a agredia. Nem mesmo a noite era poupada de sua brutalidade. Quando ela se recusava a ceder, ele ignorava, tornando-se ainda mais cruel. Alis, então, aprendera a calar-se, a sucumbir em silêncio à violência física e psicológica que se tornara parte de sua rotina.
No começo, tentou resistir. Chegou a buscar ajuda, mas Brade tinha aliados nos lugares certos. Seus amigos na Delegacia da Mulher riam de suas queixas, transformando suas ma