O dia amanheceu com um sol suave, daqueles que parecem feitos sob medida para recomeços. Eu e Manu estávamos no carro, a caminho do consultório. O rádio tocava uma música calma, mas o som que realmente prendia minha atenção era o da respiração dela, leve, ritmada, quase em harmonia com o motor.
Ela usava um vestido florido, de tecido leve, que balançava a cada movimento. O cinto fino marcava a cintura, e a barriga — redonda, firme — parecia ganhar vida própria sob o tecido claro. Era impossível não olhar. E impossível não sorrir.
Por meses, eu só havia visto aquela mulher em meio à dor. No hospital, na incerteza, no medo. Agora, ver Manu assim, iluminada, era como assistir o sol nascendo depois de um inverno longo demais.
Ela percebeu meu olhar e arqueou uma sobrancelha, divertida.
— O que foi? Está me encarando como se eu fosse uma atração turística.
— Talvez você seja. — Falei sem pensar. — Uma daquelas que a gente atravessa o mundo pra ver de perto.
Ela riu, e o som foi tão leve qu