O restaurante era discreto, escondido em uma rua estreita, de fachada simples e janelas cobertas por cortinas vermelhas. Eu sempre escolhia lugares assim — onde ninguém prestava atenção demais. O som abafado das conversas, os talheres batendo nos pratos, o cheiro de azeite e carne grelhada… tudo se misturava, criando o tipo de ambiente perfeito para conversas que não deveriam existir.
Meu parceiro já estava lá, em uma das mesas do fundo. Ernesto nunca se atrasava — era um homem que sabia o valor da pontualidade, especialmente quando lidava com alguém como eu. Ele acenou discretamente com a cabeça quando me viu entrar.
Caminhei até ele, o sobretudo escuro ainda úmido da chuva fina que caía lá fora. Sentei-me, sem pressa, e fiz sinal ao garçom. Pedi um whisky duplo, sem gelo. Eu precisava aquecer mais do que o corpo.
— Você trouxe? — perguntei, sem rodeios.
Ernesto mexeu os ombros, desconfortável.
— Trouxe. Mas, Roger… você sabe que isso pode me custar caro. Acesso aos registros de um h