O bar estava lotado, o cheiro de cerveja velha e gordura frita misturado ao som rouco de um blues barato. Era o tipo de lugar em que ninguém prestava atenção em ninguém — perfeito para o que eu precisava fazer. Sentei no canto mais escuro, de frente para a porta, e pedi um uísque duplo. O copo suou nas minhas mãos antes mesmo de eu dar o primeiro gole.
Meu colega chegou quinze minutos depois. O delegado Marcos Duarte, investigador há tempo suficiente para saber que há certas conversas que não se têm dentro de uma delegacia.
— Roger — ele me cumprimentou, olhando ao redor, como se o ar pesado do bar pudesse lhe grudar reputação. — Que diabos você quer comigo num lugar desses?
Sorri de canto. — Achei que você gostava de ambientes discretos.
Ele sentou-se com um suspiro, pedindo uma cerveja. — Discretos, sim. Mas esse lugar parece cena de crime.
— Já foi, algumas vezes. — Dei outro gole, observando o gelo derreter. — E vai ser de novo se eu não conseguir o que quero.
Marcos ergueu uma so