Acordei antes do sol nascer, como sempre acontece quando a mente insiste em não me dar trégua.
O quarto estava em silêncio, apenas o som da respiração suave de Manu preenchia o espaço. Ela dormia de lado, com o rosto virado para mim, os cabelos bagunçados se espalhando pelo travesseiro, e aquele vestido florido que não teve coragem de trocar antes de se deitar, amassado contra a pele. Por alguns minutos, fiquei apenas observando-a. Era uma cena tão rara… Manu relaxada, sem medo, sem lágrimas. Quis acreditar que poderia congelar aquele instante.
Afastei-me devagar, não queria acordá-la. Havia uma lista interminável de responsabilidades me esperando: a empresa, os investidores exigindo respostas, Daniel precisando alinhar cada detalhe da denúncia contra Roger. Mas naquele momento, nada parecia mais importante do que ela.
Desci para a cozinha em silêncio. O cheiro de café fresco já preenchia o ar, e encontrei Rosa com o avental amarrotado, mexendo distraidamente em uma panela. Ela se vir