O apartamento estava silencioso quando entrei. A chave girou na fechadura com o som metálico de sempre, mas meu coração acelerava mais rápido que o normal. Carregava o buquê com cuidado, como se fosse algo sagrado. E, de certa forma, era.
Caminhei pela sala com passos suaves, e foi então que a vi.
Manu estava deitada no sofá, a televisão ligada em algum programa qualquer, mas o som baixo não escondia o ritmo tranquilo da respiração dela. Dormia profundamente, como se o corpo tivesse finalmente encontrado um abrigo. As pernas estavam dobradas, cobertas por uma manta leve que, com certeza, Rose havia colocado ali. Os cabelos caíam em ondas pelo rosto e pelos ombros, espalhando-se pelo estofado.
Parei.
Senti como se meu corpo tivesse sido ancorado naquele instante. Tudo em mim gritava para me aproximar, mas não queria romper aquela paz rara que ela parecia carregar.
Deixei o buquê sobre a mesa de centro e me ajoelhei diante do sofá. Apoiei os braços no estofado, observando-a em silêncio.