O som da chave girando na porta foi a única coisa que me lembrou que eu estava chegando em casa. Não havia sensação de aconchego, nem expectativa boa. Apenas mais um peso no corpo, que já carregava horas de trabalho, clientes difíceis e a rotina cansativa que se repetia todos os dias.
Larguei a bolsa no sofá, respirei fundo e segui direto para a cozinha.
Como sempre, a pia estava cheia, a louça do café da manhã ainda me esperando, a casa silenciosa e bagunçada como se fosse só minha responsabilidade cuidar dela. Não importava o quanto eu estivesse exausta, a obrigação de organizar tudo sempre caía sobre mim.
Lavei a louça, coloquei a roupa para bater na máquina, limpei o chão com pressa e comecei a preparar o jantar. Cada movimento parecia pesar uma tonelada. Senti meus pés latejarem dentro do sapato e precisei apoiar as mãos na bancada por um instante para não ceder ao cansaço.
Quando finalmente desliguei o fogão, a cozinha estava em ordem e a comida pronta. O relógio marcava quase n