A manhã passou arrastada entre reuniões, planilhas e uma irritação que crescia no fundo do peito.
Tentei focar. De verdade. Mas era como se todas as vozes na sala estivessem abafadas. Cada palavra dita nos encontros com os sócios parecia longe, como se estivesse atrás de um vidro. A única coisa que eu realmente conseguia pensar era: ela vai aparecer?
Manoela.
Depois de cinco meses. Depois do silêncio. E agora... depois daquela revelação muda, no meio da cafeteria, quando vi sua barriga sob o avental e tudo desmoronou.
Pedro entrou na minha sala pouco antes do meio-dia, encostando-se na porta.
— Vai sair, né? — perguntou, como quem já sabia a resposta.
— Vou.
Ele cruzou os braços.
— Ela confirmou?
— Não. Mas não precisa.
Pedro assentiu devagar, os olhos carregados de cuidado.
— Se precisar de mim, tô por aqui. E, Ravi...
Levantei os olhos.
— Vai devagar. Às vezes, a verdade não vem de uma vez só.
Assenti, peguei o casaco e saí.
O caminho até a cafeteria foi rápido. Eu dirigi com uma es