As ruas do bairro pareciam mais silenciosas que o normal naquela noite. O céu pesado, encoberto por nuvens densas, me fazia desejar uma tempestade. Um trovão, um raio, qualquer coisa que quebrasse a tensão que se acumulava dentro de mim desde que saí do restaurante com Ravi.
Voltar para casa a pé era uma escolha calculada. Depois do trabalho, decidi andar. Precisava de tempo para clarear a mente, organizar os pensamentos que se embaralhavam desde o almoço.
A presença de Ravi, suas palavras firmes e o olhar decidido ainda ecoavam na minha cabeça. Ele queria estar presente. Queria ajudar. Queria ir à próxima consulta.
E eu tinha deixado.
Sabia o risco que corria se Roger descobrisse. Mas, pela primeira vez em muito tempo, uma parte de mim precisava se apoiar em alguém. Alguém que não me gritasse, que não me fizesse duvidar do próprio valor.
A calçada irregular do conjunto habitacional onde morávamos se estendia à frente. As luzes públicas piscavam, como sempre. Subi os degraus com caute