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Capítulo 05: a loba e o caçador

Draco se debatia intensamente, como se estivesse prestes a explodir sobre aquela cama. Os ferimentos começaram a se abrir, e sem demora tratei de pegar meus equipamentos, subir em cima dele e tentar contê-lo. Cassian aproximou-se, segurando os braços do irmão com firmeza. A cada segundo, parecia que a respiração dele se tornava mais pesada, como se estivesse pronto para me arrancar dali à força. Apliquei uma espécie de sedativo feito com ervas, e devagar Draco adormeceu. Só então voltei a cuidar dele, consciente do peso do olhar de Cassian sobre mim — vigilante, rígido, como se estivesse esperando o menor deslize para me acusar.

Ao fim, suspirei cansada e desci da cama, com Draco enfim fora de risco. Mas os olhos dele não me deixaram.

— Por que isso aconteceu? — ele perguntou lentamente, a voz baixa, carregada de desconfiança.

Encarei Draco antes de responder.

— Ele deve ter tido uma espécie de choque. É... comum. Mas vai ficar bem.

Cassian voltou o olhar para mim, fixo, como se tentasse encontrar uma mentira escondida em minhas palavras. Pensei que ele fosse dizer algo mais, mas nesse momento minha mãe entrou na tenda. Ela abaixou a cabeça ao vê-lo, e o lobo a encarou com desprezo aberto.

— Ele está bem? — ela questionou.

— Vai ficar. — respondi.

Ele nos observava, ora a mim, ora a ela, como se buscasse algo nas entrelinhas.

— Quero que saiba que podem ficar aqui enquanto seu irmão precisar. Nós queremos que ele se recupere.

— Querem mesmo? — o tom dele veio carregado de ironia, como um golpe seco.

Meu corpo se enrijeceu.

— Faço das palavras de minha mãe as minhas. Não é bom para ele partir agora, principalmente depois do que aconteceu.

Cassian não assentiu. Apenas desviou o olhar, voltando-o para o irmão inconsciente. Não havia nada mais a dizer. Logo cruzamos a saída e os deixamos ali. Mas meu coração batia descompassado, como se algo estivesse prestes a ruir. Eu havia feito uma proposta de aliança, e cada instinto dentro de mim dizia que a resposta não seria boa.

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O dia passou em silêncio sufocante. O clima no acampamento era pesado, como se cada olhar, cada passo, fosse prenúncio de guerra. A todo instante meus olhos voltavam para a tenda onde Cassian e Draco estavam. Meus dedos seguravam o colar em meu pescoço, apertando-o como se pudesse extrair força dali. As mãos tremiam levemente, e eu sentia que a espera estava me consumindo.

Foi então que uma loba mais velha surgiu. Seus cabelos castanhos e grisalhos caíam sobre os ombros, e seu olhar era duro, severo. O mesmo olhar dele.

— Santos deuses... — minha mãe sussurrou. — É a mãe de Cassian.

Meu corpo se enrijeceu como se tivesse sido atingido por uma lança. O que ela fazia ali? Como havia nos encontrado?

Os lobos se moveram, prontos para cercá-la, mas ordenamos que parassem. Ela caminhou devagar em nossa direção, os olhos percorrendo cada um de nós com julgamento silencioso.

— Onde estão meus filhos? Sei que estão aqui. Então não tentem me enganar. — sua voz era firme, cortante.

— Estão naquela tenda. — respondi, sentindo meu coração subir até a garganta.

Ela me fitou, e algo como reconhecimento cintilou em suas feições. Nada mais disse, apenas seguiu em direção à tenda. E ficamos ali, paralisadas. O peso daquela presença fazia tudo parecer mais apertado, como se estivéssemos cercadas em nossa própria casa.

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Quando cheguei à tenda depois de um banho, minha mãe estava aos gritos com o velho conselheiro Alastar.

— Eu já disse que não!

— Mas, minha senhora...

— Alastar, ela não vai se casar com ele! — minha mãe rugiu furiosa.

Atravessei a entrada, e os dois enfim me fitaram.

— O que estão discutindo? — questionei.

— Não é nada, querida, nada importante.

— Não, mãe. É importante sim. — respondi firme, sem dar para trás. — Vocês estão discutindo se devo ou não tentar a aliança com Cassian.

— Sim, mas isso já está resolvido. Você não vai se casar com ele. — sua voz cortava como aço. — Eu já escolhi outra opção. Um lobo distante, mas que vai nos ajudar.

— Mãe... eu já propus aliança a ele.

O silêncio caiu como uma pedra. O sorriso de Alastar cresceu, lento, satisfeito.

— E qual foi a resposta, jovem Elara? — ele questionou.

Suspirei, baixando a cabeça.

— Ele não respondeu ainda.

Minha mãe respirou fundo, aliviada, como se os deuses a tivessem poupado.

— Então está decidido. Amanhã, bem cedo, você vai partir com Alastar. Voltaremos para casa, e você se casará com o lobo de quem falei.

— Não, mãe, não! Eu já disse que...

— Não digo eu, Elara. — sua voz soou impiedosa. — Você não se casará com Cassian Midas. Aquele lobo vai matá-la. Você sabe do ódio dele, você viu! Vai embora antes que algo aconteça.

Tentei retrucar, mas o olhar dela era inquebrável, selvagem. Nada a faria ceder.

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Quando o dia nasceu, não pude ver se Draco estava bem. Não vi Cassian. Não vi ninguém.

Minha mãe me lançou dentro da carruagem como quem arranca alguém do abismo. Pedi por uma segunda chance, implorei, mas nada adiantou.

Segui viagem ao lado de Alastar. O caminho era longo, e a cada sacolejar da carruagem o peso do fracasso me esmagava. Suspirei, cabisbaixa.

Estávamos subindo um morro quando, de repente, paramos.

— O que foi? — perguntei, o cenho franzido. Alastar também questionou, mas não houve resposta.

Então, algo pesado e brutal se chocou contra a carruagem. O mundo virou de cabeça para baixo. Começamos a despencar morro abaixo. Segurei-me onde pude, mas era impossível.

Uivos ecoaram atrás de nós — altos, ferozes, cortando o ar como lâminas. Engoli em seco. Lobos inimigos. Estávamos sob ataque.

A queda terminou de forma violenta, jogando-nos dentro de uma correnteza. Alastar jazia inconsciente. Me movi em sua direção, mas antes que pudesse ajudá-lo, a carruagem foi atingida de novo. Fui arremessada para fora, mergulhando na água gelada.

Confusa, ferida, lutei para me erguer. E então os vi. Três lobos negros, colossais, com olhos famintos. Eles avançavam. Seria meu fim. Eu não tinha forças.

Um deles saltou em minha direção. Meu coração parou.

Mas, no último instante, um quarto lobo surgiu da escuridão. Um rugido monstruoso, e sangue espirrou. Em segundos, ele destroçou os três, como se fossem presas frágeis.

Ofegante, ajoelhei-me na água, paralisada. O lobo, ensanguentado, ergueu o focinho na minha direção. Seus olhos queimavam. Castanhos, com reflexos alaranjados que eu conhecia bem demais.

Cassian.

Ele não só viera atrás de mim. Ele me caçara.

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