O relógio marcava 15h47.
Gabriela se olhou no espelho pela terceira vez. Nada estava exagerado, mas nada estava desleixado. Blusa de algodão leve, calça jeans escura, cabelos soltos como há tempos não deixava.
Não era um encontro.
Não oficialmente.
Mas seu coração discordava disso.
Manu estava com a vizinha do 102, assistindo desenho. Gabriela respirou fundo, pegou a bolsa e saiu.
O café da esquina parecia mais aconchegante do que de costume. O cheiro de pão quentinho e café recém-passado parecia envolvê-la como um abraço.
E lá estava ele, sentado perto da janela, lendo um pequeno livro de capa marrom.
Ela parou por um segundo antes de entrar.
Ele não a viu chegar — ou fingiu não ver.
Quando ela se aproximou, ele levantou os olhos e sorriu, com a leveza de quem não exige nada.
— Pensei que não viria — disse Miguel.
— Também pensei — respondeu Gabriela, sentando-se.
Ficaram em silêncio por alguns segundos. Mas não era desconfortável. Era... denso. Como se aquele momento pedisse reverên