O sol da manhã entrava pela janela, mas Gabriela não tinha forças para levantar. Sentia como se o mundo tivesse ganhado uma nova gravidade durante a noite, puxando-a para dentro de pensamentos que não conseguia controlar.
A confissão de Miguel não era uma surpresa completa — em algum lugar de si mesma, ela sempre soubera que havia algo mais nos olhares demorados, nos silêncios compartilhados, no cuidado quase exagerado dele. Mas ouvir as palavras em voz alta mudava tudo.
“Eu sempre te amei.”
A frase ecoava dentro dela como uma melodia que não conseguia esquecer.
Pegou o celular, abriu a tela, e ficou alguns minutos encarando a conversa com ele. Nenhuma mensagem nova. E ela também não conseguia escrever nada.
Suspirou, levantou-se e tentou se distrair com trabalho, mas era inútil. O roteiro que precisava revisar parecia borrado, as palavras dançavam