As luzes da cidade de Tóquio piscavam ao longe, como estrelas urbanas tentando alcançar o céu. Gabriela fechou o notebook, respirando fundo. As últimas semanas tinham sido intensas — entre entrevistas, palestras e eventos, ela mal tivera tempo de ouvir o próprio silêncio.
Na varanda do hotel, Miguel a observava em silêncio. Ele sabia que algo pairava no ar. Algo não dito. E quando ela finalmente se virou, com os olhos inquietos, ele já tinha a pergunta na ponta da língua:
— É sobre a carta do Daniel?
Gabriela assentiu.
— Ele... morreu.
Miguel sentou devagar.
— Como você soube?
— A irmã dele me mandou uma mensagem. Disse que ele faleceu há três dias. Câncer no fígado. Disse que minha carta foi lida por ele no hospital. E que ele chorou. Pediu que dissesse a mim... que partiu em paz.
Migu