Aurora Rossi
Voltar pra Toscana foi como abrir um livro antigo, daqueles que a gente sabe decorado, mas evita reler porque cada página ainda machuca.
Eu não queria voltar.
Mas o corpo pediu pausa. A alma, então, já estava em coma. Foi minha mãe quem insistiu, com aquela voz entre o cuidado e a ordem: "Aurora, você precisa descansar. Isso não é só cansaço, é tristeza demais pro coração aguentar sozinho."
Ela não estava errada.
Depois que tudo desabou com o Lorenzo, eu fiquei… pequena. Invisível até pra mim. No começo, tentei seguir a vida em Veneza como se ele não tivesse deixado um vazio nos cantos da casa, nos detalhes da rotina. Mas a ausência dele era um grito em cada silêncio.
E foi assim, entre febres e lágrimas contidas, que voltei pra Toscana. A contragosto, mas sem escolha.
A casa dos meus pais parecia intocada. Os mesmos móveis, os mesmos cheiros, o mesmo quintal onde a gente corria de bicicleta fingindo que o mundo era nosso. Mas nada era igual. Porque eu também não era mais