Lorenzo Bianchi
Aurora sempre foi silêncio e intensidade ao mesmo tempo. Um universo inteiro escondido num olhar. E agora, sentada ao meu lado naquela colina, com o sol subindo devagar atrás dela, era como se eu estivesse olhando de novo pro amor da minha vida… e ainda não soubesse se teria permissão pra tocá-lo.
Ela falou pouco. Mas o suficiente pra me lembrar de tudo que perdemos — e tudo que, talvez, ainda estivesse ali.
Mas eu precisava mais. Precisava arriscar. Precisava dizer o que minha garganta segurava há semanas.
Virei de frente pra ela, deixando o medo de lado por um instante.
— Aurora… — minha voz saiu firme, apesar do coração. — Volta pra mim.
Ela não respondeu.
Nem me olhou.
Apenas se levantou com uma delicadeza que parecia ensaiada, como se o próprio corpo já soubesse que não havia resposta fácil pra aquilo. O vento brincava com os cabelos dela, e tudo em mim queria correr, segurar sua mão, implorar.
Mas eu não podia pressionar. A dor dela também era m