Mundo ficciónIniciar sesiónPOV Amélia.
Retornando ao vilarejo. Dia seguinte. Acordei bem cedo, Caleb me chamou para tomar café da manhã e em seguida, nos preparamos para sair dali. ****** Após um tempo, chegamos ao mercado, onde venderemos os couros e os tecidos. Achei lindo tudo aquilo, tudo parecia um conto de fadas, todas aquelas lojas e pessoas como nos filmes antigos. Nunca imaginei estar em um lugar assim. Ficamos horas e horas vendendo tudo. Toda essa movimentação me deixou exausta, vi que Caleb estava também como eu. Arrumamos tudo depois de vendermos e nos preparamos para voltar. — Que legal Caleb, conseguimos vender tudo. — falei, sorrindo pra ele. — Estou contente, podemos realmente pagar os impostos. — respondeu ele sorrindo, nunca o vi tão sorridente. Ele arrumou a carruagem e me chamou para irmos. Já estava ficando tarde, devemos voltar o quanto antes, aquele cara irá passar na vila em poucos dias. Subi na carruagem e o cavalo galopou. Vi então de longe uma enorme movimentação, cada vez se aproximando mais. Foi quando eu vi, que era um desfile de cavaleiros. Que coisa estranha... pensei. Vários deles montados em seus cavalos e acenando. As pessoas gritavam excitadas e alegres. Caleb resolveu chegar mais perto para vermos o que estava acontecendo. Cavaleiros em suas armaduras brilhantes e reluzentes, porém um pouco ensanguentadas. Era uma disputa!? uma guerra!? Não dava para saber, porém todos seguiam animados. — O que está acontecendo? — perguntei para Caleb sem entender a situação. Confesso que estava um pouco assustada. Caleb olhou friamente para os cavaleiros enquanto me respondeu, ele pareceu não gostar deles. — É o exército do novo rei, depois que ele chegou, fazem questão de fazer desfiles para mostrar sua força — falou com a cara fechada. — Aposto que acabaram de chegar de alguma vila que não pagou os tributos…. — continuou ele com a expressão cada vez mais raivosa. — Como assim? Está dizendo que eles atacaram alguma vila por conta dos impostos? — Isso era inacreditável Francamente não acredito que por conta de algumas moedas eles são capazes de fazer esse tipo de barbaridade. Caleb então segurou minha mão com força, um dos cavaleiros estava olhando para mim. — Você não sabe do que eles são capazes. — terminou de dizer enquanto seus olhos pareciam dilatados. Ele soltou a minha mão e fez o cavalo dar meia volta. Para longe da multidão. — Temos que voltar logo, não sabemos o que pode acontecer se nos atrasarmos. — Ele falou enquanto tentava fazer o cavalo ir mais rápido. — Está tudo bem?— Perguntei e reparei como ele estava assustado. — Não, não está! — respondeu trincando os dentes. — A próxima pode ser nossa vila. — fez uma pausa e continuou — Minha vila… quis dizer minha vila… — se corrigiu e franziu a testa. — Vamos conseguir, eu sei que vamos — O encorajei, coloquei minha mão em seu ombro e ele olhou para mim. Caleb assentiu e forçou um sorriso. Em seguida, o cavalo foi disparado até o portão para sairmos da cidade. Voltamos pelo mesmo percurso que viemos. Reparei em como tudo parece lindo... só isso para poder aliviar a minha mente. Confesso que minha vida está um caos, mas não dava pra negar que essa cena aqui... é maravilhosa. Nunca vi nada assim antes. Ao admirar a cidade, olhei para Caleb, que parecia focado na estrada... Será que ele está bem? Cansado? Ele olhou para mim na mesma hora e perguntou. - Não está com sono? — perguntou e voltou a olhar para frente. Ele parecia exausto. — Acho que devemos parar logo, está escurecendo muito, e pode ser perigoso continuar. — falou e soltou um bocejo. Não estava com sono, mas ele parecia bastante. — Acho melhor continuarmos mais um pouco, temos que chegar rápido. — disse a ele — não podemos nos atrasar, a vila está correndo perigo. — quando disse isso, Caleb me olhou com atenção, surpreso pelas minhas palavras, mas não disse nada. Ele sorriu, um sorriso verdadeiro. Parecia feliz por querer ajudar a sua vila. E eu queria... Caleb fez tanto por mim. Sorri pra ele. — Mas, se tiver cansado, eu fico no seu lugar, acho que não é tão difícil guiar o cavalo, né? Caleb soltou uma gargalhada e falou. — Não, eu estou bem, não se preocupe. Seu rosto começou a se aproximar do meu... e eu só fiquei olhando para seu lindo rosto, seus olhos que brilhavam para mim, parecia pegar fogo. Meu coração disparou e eu jurei que ele me beijaria... sua boca estava próxima da minha, mas então.... percebi um movimento atrás da carroça, de longe pareciam pessoas a cavalo, podia ouvir seus gritos e sons de chicotes batendo ao chão. Caleb se afastou de mim e olhou rapidamente para trás, mesmo não vendo muita coisa por conta da escuridão, ele apertou os punhos já cerrados e então ele gritou para que o cavalo corresse mais. — Caleb!? O que é isso? Quem são esses? — me assustei, a carruagem acelerou rápido como se o cavalo não carregasse peso algum. — Ladrões. — Ele apenas disse isso, enquanto focou na estrada, a carroça pulou a cada buraco que passávamos, balançou e tremeu. A cada baque eu bati nas laterais da carruagem e me machuquei, mas não liguei para a dor. Os ladrões se aproximavam cada vez mais, o som deles gritando me fazia ficar cada vez mais assustada, não sei o que fazer. Que inferno! Esse povo daqui são doidos. O dinheiro da vila estava todo conosco, se eles pegarem, a vila está perdida. — Caleb, não podemos deixar eles nos alcançar, e o dinheiro? — falei desesperada, temos que escapar e rápido. Senti meu rosto esquentar de raiva e medo. Não posso fazer nada a respeito, só rezar para que possamos despistar eles. Então me virei e procurei na carruagem o dinheiro, para esconder no vestido, enquanto Caleb tentou controlar, estava cada vez mais escuro, os cavalos tropeçaram e cambaleiam. Peguei o saco com as moedas, e as escondi em um tecido embaixo da saia do vestido. Irei proteger com a minha vida, não importa como. Peguei uma adaga, usada para cortar as frutas e a segurei fortemente. Não sou uma pessoa religiosa, mas vou pedir do fundo do meu coração que nada aconteça, fechei os olhos em meio aquela barulheira e então, me senti no ar, e alguns segundos depois, capotamos em um desfiladeiro. Não dava pra ver nada, apenas ouvir o som dos cavalos se machucando e da madeira quebrando. Quando dou por mim, estou no chão, minhas mãos doem tanto, minha roupa rasgou e não consigo enxergar nada. — Caleb? Cadê você? — eu gritei desesperada, mas. Não ouvi nenhuma resposta. Droga! — Onde você está? — continuei sem saber o que fazer. Minhas mãos tremiam, havia perdido a adaga, não a encontrava em lugar nenhum. Céus e agora? O que eu faço? Ouvi um som vindo de longe, quem poderia ser? Eram os ladrões que estavam atrás de nós? Fiquei com medo de gritar por Caleb, eles podem me ouvir, passei a mão pelo chão, na tentativa de encontrar algo, porém sem sucesso. — Caleb, onde está você? — sussurrei comigo mesma. Estou aqui sozinha? No escuro? Onde ele está? Droga... me corpo está ardendo, me machuquei, não sei o que fazer. Ouvi eles chegando mais perto, no desespero então me levantei e comecei a correr, batendo nas árvores e galhos, me arranhando e machucando sem saber para onde ir. Enquanto corria, ouvi um barulho estranho... PAFF! Tudo ficou escuro. Antes de perder a consciência, senti uma ardência na cabeça.






