Mundo ficciónIniciar sesiónPOV Amélia.
Viagem e respostas. Enquanto estávamos andando pelo vilarejo com a carroça pegando as mercadorias, minha mente não parava… estava pensando sobre o que o senhor Frei disse, aquela fera. Ela tinha mesmo atacado as pessoas, as matado… confesso que estava com medo. Mas tentei não pensar muito nisso. Enquanto a carroça se movia, percebi como o lugar era humilde e simples. Todos são trabalhadores honestos e bons. E Caleb precisava desse dinheiro, e eu iria ajudá-lo. Saímos após almoçar, a carroça estava cheia de peles, pedras brilhantes, tecidos e grãos para vendermos, Caleb estava animado. Andamos o dia todo com pausas para alimentarmos os cavalos, paramos em algumas pequenas vilas e por fim, fizemos um pequeno acampamento na entrada de uma delas para dormirmos. Caleb me disse ser mais seguro por conta dos ladrões. Perguntei porque não vendemos as mercadorias aqui mesmo, e ele disse que no Reino de Arven as coisas valem mais. ****** Já de manhã, vimos alguns animais nativos pela estrada, quanto mais perto do Reino de Arven, mais vivido ia ficando as estradas e vilas. Após dois dias e uma noite, chegamos ao local. Ao entardecer, já estávamos no portão da cidade. Ele era enorme e os muros eram de pedras, Caleb disse que nesse reino há muitas casas, tabernas, lojas e uma enorme feira. — Eu adorei… — comentei. Como ia anoitecer, acenderam as luzes na cidade com suas lamparinas, isso era tão lindo, parecia que realmente estou em um filme. Na entrada, Caleb entregou uma moeda de bronze para um homem com um broche, pareceu um pedágio. Caleb olhou para mim, e viu minha animação. Não parava de sorrir. — Nunca veio a uma cidade grande antes? Ele perguntou, soltando um sorriso. — Não em uma cidade assim! Falei deslumbrada enquanto admirava aqueles muros tão detalhados feitos a mão. Entramos com a carroça e procuramos um lugar para dormir com o estábulo. Caleb disse que deveríamos ter cuidado com os assaltantes. Enquanto andávamos, as pessoas ficaram me olhando. Será que está óbvio que não sou daqui? — Será que vão continuar a me encarar assim? — falei alto sem querer e me virei para Caleb, que já estava me olhando. — Você é uma moça muito bonita, acredito que a mais linda que qualquer um tenha visto. Por isso te olham. Ele falou isso num tom tão natural… seus olhos não desgrudaram dos meus. Percebi que seus olhos se moveram, estava olhando para meu rosto todo… seus olhos desceram até os meus lábios e ele soltou uma respiração funda… Por que ele estava me olhando assim? Continuei olhando para ele… percebendo como ele é bonito também. Cabelos claros que batiam em sua nuca, seus olhos são tão claros… verdes. Ele tem um cheiro bom… como se fosse o cheiro de campo. Não consegui desviar meu olhar. Estamos próximos demais e acho que se ele continuar assim, não me responderia por mim se meus lábios tocassem os seus. A carroça deu um pulo por conta da estrada de pedras, e então acabei me desequilibrando e meu rosto tombou para seu lado… Não acredito onde meu rosto foi parar… Meu rosto ficou todo vermelho. Caleb não reagiu… só escutei seu coração, batendo rápido demais. Estou com o rosto em seu peito, sentindo seu cheiro tão de perto. Arregalei meus olhos e rapidamente me afastei, me sentando direito ao lado dele. Olhei para Caleb e pedi desculpas. — Eh, me desculpe, Caleb. — falei sem graça. — Sem problemas, mas… você está bem? — ele perguntou. Sorri para ele e concordei. Ele ainda estava vermelho, com vergonha do que aconteceu. Acho que se eu não parasse logo no colo dele, poderia ter sido pior… a gente poderia ter se beijado, disso tenho certeza. Eu então quebrei aquele clima, o silêncio, perguntei onde iríamos dormir, ele apontou para uma estalagem no fim da rua, e então paramos lá. Ele desceu, veio para meu lado e estendeu a mão para me ajudar a descer. Caleb é muito atencioso, os homens de hoje em dia não são assim. Segurei a sua mão e desci, agradeci a ele e começamos a arrumar as mercadorias e o cavalo, são duas moedas de prata, com direito ao jantar. Até que parece bem barato, comparado a São Paulo. Duas moedas não dá pra comprar nada. Ao entrar, já fomos comer, havia um porco inteiro assado na sala, verduras cozidas e frangos. O cheiro estava uma delícia e o gosto? Nem se fala. Comemos rapidamente, limpei minha boca e resolvemos subir. Fui até o banheiro tomar um banho, o banheiro era simples, bastante parecido com o da casa de Caleb, porém esse era maior e mais trabalhado. Após terminar de me banhar e colocar um par de roupas limpas que Caleb separou para mim. Uma camiseta dele e uma calça. Me aproximei do quarto e reparei Caleb ajeitando a cama, a espuma. Mas era apenas uma cama. — Onde irei dormir? — Perguntei confusa. Não me diga que vamos… dormir na mesma cama? Pensei. — Eu dormirei no chão, trouxe algumas cobertas para forrar, eu não tenho o suficiente para o outro quarto, sabe? Falou Caleb desapontado. — Geralmente venho vendendo as coisas sozinho, também não posso gastar demais. Minha situação está difícil, essa é a estalagem mais barata da cidade, é uma cidade muito grande, as coisas são caras. — Ele terminou de explicar com um sorriso sem graça. — Eu não vou deixar você dormir no chão Caleb. — eu decidi… ele estava sendo tão gentil comigo. Nada iria acontecer… era só cada um dormir de um lado que daria tudo certo. — Você pode dormir na cama comigo, a cama é grande, então deve caber nós dois. — falei, mostrando um sorriso sincero pra ele. Fui até a cama e me sentei. Caleb me olhou, meio pensativo. — Não posso dormir com você. Falou ele olhando para baixo, evitando contato visual. Ele estava com vergonha? Era isso? — É só você dormir virado para o outro lado, simples assim. Eu te considero um amigo Caleb, aceite. — Tem certeza? Apenas assenti e ele relaxou os ombros e se deitou na cama. Sorri pra ele e me ajeitei para dormir. Me cobri e então olhei para ele, que encontrou meus olhos, mas desviou os olhos e em seguida os fechou… Ele parecia estranho, estava apertando os lábios, como se estivesse incomodado. Ele com certeza nunca dormiu com uma mulher, isso era óbvio. Ele estava nervoso? Respirei fundo e tentei não pensar nisso. Fechei os meus olhos e me concentrei em dormir. Mesmo que fosse estranho… tinha que descansar, amanhã seria um novo dia… E talvez... poderia ir pra casa, ver a minha mãe. Será que ela estava bem?






