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POV Amélia.

Tentando descobrir respostas.

Na hora do banho, Caleb me levou até o banheiro, onde há apenas uma banheira de madeira com arcos de aço e alguns utensílios para higiene.

Não é como se eu soubesse tomar banho daquela maneira, mas eu estou tão suja que quero apenas me lavar, não consigo ficar nem mais um minuto assim. Escutei a voz de Caleb me tirando dos meus pensamentos;

— Irei deixar algumas roupas para você aqui. — disse ele enquanto as colocou em cima de um barril que se encontrava perto da porta.

Assim que ele saiu, eu fui até a porta e a fechei.

— Ufa, até que enfim… — exclamei enquanto me escorei na parede.

— Que dia foi esse! Espero que tudo seja apenas um sonho. — Tirei minhas roupas e o meu relógio também, quando reparei nele, percebi que ele não funciona, mas como assim?

Porque meu relógio parou?

Que estranho.

Depois vou dar uma olhada.

Deixei ele ali e entrei na banheira, a água estava morna, senti um cheiro bom, de certo Caleb, pois algumas ervas medicinais para ajudar com meus machucados.

Ele parece ser um bom rapaz.

Terminei o banho e me vesti, o vestido ficou um pouco apertado nos seios, está marcando um pouco meu corpo.

Esse vestido é medieval, como nos filmes.

Arrumei meus cabelos, antes estava tudo sujo, agora estão limpos, só precisava arrumar agora.

Pronto, está perfeito.

Saí do banheiro devagar, ao caminhar pela casa, percebi que Caleb estava na cozinha, sentado.

Ele sentiu minha presença e olhou para mim, surpreso no começo.

Nunca usei roupas assim antes.

— Você está linda. — falou Caleb enquanto sorriu para mim.

— Obrigada! — ele se levantou em seguida e então gesticulou com a mão.

— Vou te mostrar o quarto.

Eu o segui.

Ele abriu a porta e vi uma cama simples e no chão, uma cama improvisada.

— Antes, vamos cuidar dos seus machucados. — ele apontou para a cadeira, para me sentar.

Me sentei e ele se agachou e olhou de perto meu machucado da perna.

Levantei um pouco do meu vestido e ele viu que meu machucado na perna não estava tão feio. Caleb passou um remédio de ervas que ardeu um pouco, mas aguentei. Em seguida, fez um curativo.

Eu notei que ele tentou evitar ao máximo não olhar para as minhas pernas.

Ao terminar, ele se levantou e colocou um curativo na minha cabeça, onde machuquei mais cedo.

Graças a ele me sentia bem melhor, aquele banho com ervas me ajudou muito.

— Obrigada mesmo Caleb. — falei gentilmente.

— Por nada… bom, você pode dormir na minha cama, irei dormir no chão até arrumarmos uma cama para você.

Ele falou enquanto ajeitava os forros em cima da cama para eu poder dormir.

Eu dormiria na cama e ele no chão? Bom, não parecia muito justo.

— Espere, não posso deixar você dormir no chão, é a sua casa, você está sendo tão gentil comigo. Eu durmo no chão, sem problemas. — falei, me aproximando dele.

— Tudo bem Amélia, eu nunca deixaria uma mulher dormir no chão, está decidido, eu durmo no chão, está bem? Não se preocupe com isso.

Apenas assenti e me sentei na cama.

Meus pensamentos começaram a preencher minha mente.

Não sabia como vim parar aqui.

Eu estava me esforçando… para ser forte.

Mas, a questão era… minha mãe tinha sofrido mesmo um acidente? Estava bem?

Só de pensar nisso. Meu coração doía… eu queria chorar, queria gritar.

Mas precisava ser forte, mais esse dia.

Talvez amanhã o dia seria melhor e poderia saber o que tinha acontecido.

— Vamos achar uma maneira de você voltar para casa, está bem? — A voz de Caleb me fez voltar a realidade.

Foi como… se ele tivesse lido minhas expressões.

Ele estava sentado na cama ao chão, olhando para mim, preocupado.

Ele realmente estava me ajudando muito. Nem sabia como agradecer por tudo.

— Não sei como agradecer, muitíssimo obrigada, você está ajudando muito. — me sentei perto dele e dei um abraço nele… como forma de gratidão.

As mãos dele não me tocaram… ficaram imóveis…

Fiz algo de errado?

Me afastei um pouco e olhei pra ele.

Em suas bochechas vi um rubor, seus olhos estavam arregalados.

— V-você está perto demais, você sempre abraça homens assim? — ele perguntou tentando desviar os olhos dos meus.

Me afastei mais e me sentei na cama que iria dormir. Passei a mão sobre o vestido e disse.

— Me desculpe, é que onde eu moro, as pessoas agradecem desse jeito. — falei sem graça.

Me acomodei melhor na cama. Ela é feita de palha revestida com um forro grosso, e as cobertas são de lã tecida a mão. Isso é incrível. Aqui é tudo tão rústico.

Assim que deitei, Caleb falou.

— Amanhã cedo iremos pegar as mercadorias para vender no reino Arven, fica uns dois dias de carroça, precisamos de dinheiro para a taxa do vilarejo. — ele pausou por um tempo e volta a dizer.

— Você não pode ficar aqui sozinha, é melhor ir comigo. — nossos olhos se encontraram, ele coçou a garganta e completou. — Durma bem, temos um dia cheio amanhã.

Assenti, concordando.

— Claro, eu ajudo no que for necessário, você fez muito por mim e vou recompensar por tudo. Boa noite!

Falei decidida.

Se eu conhecer mais esse lugar, posso saber o que aconteceu comigo. Se estou sonhando, se sofri um acidente, se estou em coma.

Algo aconteceu… sei que as respostas virão em breve.

*****

Dia seguinte

Eu e Caleb levantamos cedo, comemos algumas frutas e bolo que uma certa senhora trouxe para Caleb.

Após comermos nos arrumamos para partir.

Ao sairmos, vimos uma movimentação logo a frente do vilarejo.

Uma senhora veio até nós, olhou para mim com um sorriso curto e depois para Caleb.

— Antes de ir, por favor, venha ouvir a reunião. — ela disse apressada e caminhou até todos do vilarejo.

— Vamos até lá, será rápido. — falou Caleb, ele parecia sério demais.

Fui com ele, quando chegamos, aquele senhor de ontem. O senhor Frei, como disse Caleb, era o chefe do vilarejo.

— Ouçam todos… a próxima lua cheia se aproxima. Vocês sabem bem o que aconteceu na última vez. — ele fez uma pausa, olhando para todos, caminhou um pouco usando sua bengala e continuou. — O vilarejo próximo ao nosso foi atacado, houve várias mortes, precisamos estar preparados. Quando a lua cheia chegar, estejam todos em suas casas… protegidos. Temos que reforçar nossas casas, nossas portas. Aquela fera… — ele fez uma pausa, o rosto sério, meio raivoso — não irá tirar mais vidas, aquela fera meio humana, meio lobo, tem que ser eliminada, e precisamos contar com a ajuda dos soldados e comandante do rei Estevan. — Frei disse, e todos ao redor dele assentiram, cochichando entre si.

Me virei para Caleb que mantinha a expressão séria.

Ainda não tinha visto ele assim, será que também estava com medo dessa fera? Ele já tinha a visto antes?

Tantas coisas passavam pela minha cabeça.

— Senhor Frei. — ele chamou a atenção de todos em nossa volta. — Vou com Amélia para o outro reino, vender algumas coisas para podermos dar as moedas quando vierem cobrar as taxas. Voltaremos em breve, antes da lua cheia. — ele falou sério e com um aceno se despediu de todos.

Eu caminhei até Caleb, estava cheia de dúvidas.

— Caleb, sobre essa fera… isso é verdade mesmo? Ela atacou várias pessoas? — falei meio nervosa.

Ele assentiu, falou tão baixo que tive que prestar atenção em cada sílaba.

— Sim, ele matou… muitas pessoas na última lua cheia. Mas, não se preocupe, estaremos a salvo Amélia. — ele se virou para mim e mostrou um curto sorriso.

Mas, meu coração estava inquieto… quem era essa fera afinal?

O que estava acontecendo nesse lugar?

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