Parte 102...
Matteo
A casa estava quieta. Depois da conversa com Otto, eu não quis ver mais ninguém. Me tranquei no escritório e adiantei o que podia para ter um tempo livre.
Subi direto, evitando o corredor onde Mira sempre aparecia feito sombra. A porta do quarto estava entreaberta e a luz fraca do abajur deixava o ambiente com aquele tom morno.
Valentina estava deitada de lado, o pé enfaixado sobre uma almofada. O cabelo caía sobre o rosto, e ela parecia acordada, mesmo de olhos fechados. Fechei a porta devagar.
— Ainda acordada?
Ela virou a cabeça um pouco, sem abrir os olhos.
— Não consigo dormir.
— Sente dor? - fui puxando a cadeira pra perto da cama.
— Um pouco. E esse remédio que me deram… Tem gosto de tinta.
Sentei e fiquei olhando pra ela, tentando não deixar escapar o alívio que senti de vê-la ali. Respirando. Viva.
— O médico disse que era pra você descansar, não pra reclamar do gosto do remédio.
Ela abriu um dos olhos.
— Fácil pra você dizer. Você não foi envenenado e nem