Ficamos com a testa encostada uma na outra por alguns segundos. O silêncio entre nós, nesse momento, me acalma e conforta. Ele acolhe. E, mais do que nunca, preciso dele. Ele parece perceber — e, mesmo sem eu pedir, faz exatamente o que eu preciso.
Sinto a respiração do Marcos se misturar à minha, lenta, controlada. Há tanta coisa não dita ali que não precisa ser explicada. A gente aprendeu a se reconhecer nesse espaço curto entre um pensamento e outro. Às vezes acho que é transmissão, mas não só de pensamentos — de conexão, de energia, de almas.
Ajeito o Luigi com cuidado e o coloco ao lado da Amélia. Meus movimentos são mais seguros agora. Meu corpo mudou, minha mente também. Não perdi quem eu era — só ganhei habilidades e o tão falado instinto materno de que tanto as pessoas falam. E isso me assusta menos do que imaginei.
Quando ele fala sobre não criar muros entre nós, sinto um nó bom no peito. Não é medo. É compromisso.
— Então não decide — digo. — Caminha comigo.
Falo com a firm