O vento gelado cortava como navalha entre as estruturas corroídas pelo tempo. O céu estava nublado, pesado, como se pressentisse o que viria.
Villano chegou primeiro.
Sozinho. Vestido de preto, com as mãos nos bolsos do sobretudo, o olhar inalterado. Cada passo ecoava nas placas metálicas do chão.
03:01.
Um motor distante. Faróis apagados. Um carro antigo, blindado, parou a poucos metros.
Vladimir Romanov desceu. Sem pressa. Sem armas visíveis. Mas o olhar carregava décadas de guerra.
Eles se encaram em silêncio.
Velhos conhecidos. Velhos inimigos.
— Chegamos longe demais, não é, Marchesi?— Vladimir quebrou o silêncio.
— Longe o bastante pra te enterrar de vez— Villano respondeu, seco.
Vladimir riu.
— Você perdeu tudo. A mulher. O filho. Só te restam sombras.
Villano deu um passo à frente, os olhos duros:
— Ela ainda respira. E se ela morrer… você morre junto. Mas diferente. Dolorosamente. Sem pressa.
Vladimir o encarou, sem piscar:
— Não quero guerra, garoto. Quero poder. Dê-me