A grande mesa de carvalho estava posta com talheres prateados, taças de cristal e pratos fumegantes de uma culinária que misturava o requinte italiano com sabores russos. O salão principal da mansão vibrava com o som da conversa moderada, mas todos — todos— tinham os olhos voltados para ela.
Ura, sentada ao lado de Villano, tentava parecer à vontade. Mas o ambiente era diferente de tudo que já vivera. Elegante, silencioso… e cheio de pessoas que provavelmente já mataram alguém antes da sobremesa. Unirian tentava quebrar o gelo com sorrisos e perguntas gentis. Ricci e Petrov cochichavam entre si, ainda intrigados com a novidade. O único que não reagia era V — sério, olhando para o prato como se estivesse calculando algo mais importante que calorias. Então, foi inevitável. — Então... V? — Ura repetiu o nome dele, inclinando a cabeça de lado, com um sorriso maroto. — Isso é um nome... ou uma letra de coA mansão ainda estava em silêncio, os jardins começavam a receber os últimos toques para a cerimônia. Mas dentro do escritório de Dante Marchesi, a atmosfera era diferente. Mais densa. Mais íntima. Villano entrou sem bater. Dante estava à janela, olhando para o jardim, um copo de café forte na mão. Sem virar o rosto, falou com a voz firme: — Sabia que viria. Não dormiu, né? Villano permaneceu em silêncio por um instante, até fechar a porta atrás de si. Caminhou até o pai, parando a poucos passos. — Pai… — sua voz falhou pela primeira vez em muito tempo. — Eu preciso que você me diga o que é isso que eu tô sentindo. Porque... tá me tirando o foco. Dante se virou. A expressão dele era de quem já sabia. De quem já esteve ali. — É ela. Villano não respondeu. Apenas abaixou os olhos, como se tivesse sido flag
Essa manhã teve um gosto diferente. Um daqueles momentos que marcam o coração com delicadeza — como se, entre as lembranças sombrias e os compromissos de sangue, finalmente houvesse espaço para algo simples: a paz. Villano estava na cozinha já há algum tempo, os cabelos ainda levemente bagunçados, com uma camiseta escura de mangas dobradas e expressão mais leve do que de costume. Ao seu lado, Unirian mexia distraidamente uma panela, rindo de algo que ele acabara de dizer. O som do riso de Villano... aquele som raro, quase esquecido no tempo, preencheu o ambiente como um raio de sol em meio à neblina. Ura, ainda com os cabelos soltos e vestindo um robe claro, parou no último degrau da escada. Ficou ali, imóvel, observando a cena. Seus olhos se fixaram em Villano. Ele estava sorrindo. Rindo, de verdade. Não aquele sorriso contido que às vezes ele dava quando ela o provocava. Era genuíno, leve, quase inocente. — Bom dia, m
O caminho de volta para casa foi tranquilo, com Ura sorrindo o tempo todo, o urso gigante ocupando metade do banco de trás e Villano ainda tentando entender por que ele não se importava de estar usando... aquilo. —Não acredito que você deixou!— Ura riu, mostrando a foto no celular. Na imagem, Villano estava com um turbante colorido com duas anteninhas de diabo brilhando em vermelho, cara séria como sempre. A contradição era cômica. — Você ficou fofo.— completou ela. —Se essa foto for parar em qualquer lugar fora do seu celular, você morre— disse ele, calmo, mas com um brilho quase... cúmplice nos olhos. Chegaram em casa. Ura mal colocou os pés dentro e já saiu correndo com as sacolas, o urso e as fotos. — Sogrinha!—chamou empolgada — Olha só! A sogra estava na sala com Dante, tomando chá. Quando viu Ura se aproximar, se endireitou com cur
— Eu tenho um conserto hoje, não posso me dar ao luxo de simplesmente não ir— falou Unirian para sua mãe. — Sinto muito, hoje tens uma consulta marcada no ginecologista, não podes simplesmente não ir, aquilo me custou uma fortuna, ouvi dizer que o Dr.Gael é o melhor médico ginecologista — disse, subindo as escadas com um cesto de roupas acabada de ser passada. — Mas mãe…— resmungou. —Nada de mas nem meio mas— Kate desceu com as chaves do carro na mão— vamos para não nos atrasarmos. Unirian murmurou algo que a sua mãe não ouviu. — O que que disse? — Que tenho sorte de ter uma mãe como a senhora— mentiu. — Ótimo. As duas entraram no carro. Unirian olhava a cidade linda de New York. Seus pés balançavam freneticamente. — A consulta vai ser rápida, tu namoras, precisas fazer essas consultas. — Namoro? Mãe por isso a senhora marcou essa consulta? Não aconteceu nada entre mim e o Nick, eu juro. — Tudo bem! Mas mesmo que nada tenha acontecido, precisamos ver se es
— Não tenho outra escolha, sinto muito— falou Timóteo. — Isso custou uma fortuna, se sair com um arranhão que seja, eu corto sua cabeça— Dante falava de seu terno. Os homens começaram a atirar, as armas estavam com silenciadores. Dante caiu e Timóteo achou que estivesse morto. Até que… Notou que não tinha sinal nenhum de sangue, então Dante puxou Timóteo para baixo, com um canivete que estava em suas meias, ele puxou e fez vários picadas no peito do homem e abafou os seus gritos com a outra mão, seu rosto ficou ensanguentado e mesmo assim ele não parou, seu homem Ricci aparece abrindo a porta para que ele pudesse sair sem os homens escondidos em algum lado, o conseguirem ver. Ele engatinhou até a porta lentamente para não despertar a atenção deles. Tudo isso acontecia durante o solo de piano de Uniran. A melodia mudou instantaneamente para Etude Op. 10 NO. 04. — Quem ? — perguntou Dante, limpando seu rosto com seu paletó. — Ele estava trabalhando para os Morales— res
— Moça, hei moça, você não pode entrar aí— gritou um homem. — Preciso encontrar minha mãe, mãe— gritou, mas sua voz parecia não sair. Ela não conseguia se ouvir. Até que uma segunda explosão aconteceu e Unirian perde os sentidos. Dante, fica irritado, nunca uma coisa dessas aconteceu antes. — Alguém pode me explicar como uma coisa dessas pode ter acontecido?— gritou. Os homens que estavam perfilados deram um salto, sua voz parecia que queria os cortar ao meio, o que não seria impossível, atendendo a natureza dele. — Não sabíamos que eles tinham formado aliança— falou Ricci. Que por incrível que pareça não tinha sofrido nenhum ferimento grave. — Desde quando os Morales trabalham com explosivos? Mataram uma data de civis, como ninguém previu isso? — se levantou enquanto o médico fazia a sutura em seu braço baleado. — Presumo que não sejam apenas eles, pela data de homens que vimos essa noite, não creio que sejam só os Morales, tinham mais pessoas, e de certeza que os explo
Dias se passaram e Unirian ainda estava inconsciente. Nick seu namorado cuidava dela, ele tinha conseguido escapar antes das explosões. A polícia ainda investigava o que realmente tinha acontecido, mas os homens de Dante já tinham limpado todos os vestígios de sua passagem lá o que deixou alguns policiais confusos. Uma enfermeira que estava cuidando de Unirian, tinha instruções para que o avisassem caso ela acordar. Nick andava de um lugar para o outro falando com alguém no celular, quando ela estava prestes a acordar. Seu rosto tinha alguns sinais de machucado por causa da segunda explosão, ela estava próximo, eram feridas leves que provavelmente foram causadas por vidros. Sua perna estava machucada seu braço esquerdo também. Ela dava sinais de consciência. — Onde estou?— sua voz estava fraca, mas Nick notou quando ela se movimentou. — Amor! Finalmente você acordou, espera eu vou chamar o médico— falou e saiu correndo até a recepção onde tinha um dos homens de Da
Unirian estava na cama, desde que saiu da morgue, nada disse nada. O medico explicou a causa da morte dela, disse que ela inalou muita fumaça e tinha um ferimento por trás da cabeça, que provavelmente alguma coisa bateu forte nela. As penas e braços estavam feridos, algumas zonas queimadas. Ela não conseguiu chorar, só olhava pra o nada, mesmo Nick falando com ela, se mantinha em completo silêncio. Dante esperava no carro quando Ricci finalmente chegou. — Porquê tanta demora? Precisava levar esse tempo todo? — estava impaciente, cuidando de alguns assuntos da sua empresa, em seu tablete. — Estava um caos lá dentro— falou . — Então? Ela se lembra de alguma coisa? — perguntou despreocupado, pois caso ela visse alguma coisa ele não perderia tempo em eliminá-la. — Não! Ela não se lembra do seu rosto, disse que um homem a salvou, mas não conseguiu ver o seu rosto e…— explicou. Dante parou de fazer o que estava fazendo para olhar para ele que estava no banco da frente ao la