Angel
O portão enferrujado do prédio rangeu como se protestasse contra minha presença ali. A rua estava mais vazia do que eu lembrava. Mais escura.Mais perigosa. Apertei a bolsa contra o corpo, os cinquenta mil em dinheiro pesando como uma culpa.
Subi as escadas do prédio velho, cada degrau mais instável que o outro. O cheiro de mofo e cigarro impregnava o ar. Quando cheguei à porta de Raul, bati três vezes.
Demorou longos segundos de silêncio até que ouvi passos arrastados e finalmente, a porta se abriu e Raul apareceu. Estava desarrumado, pálido, mais abatido do que da última vez.
— Sabia que você viria, — ele disse, a voz áspera pelo vício ou pelo &