Angel
O toque insistente me arrancou da paralisia. Respirei fundo, forçando-me a um estado de calma que não sentia. Se fosse Carolina, eu não lhe daria o prazer de me ver desestruturada. Deslizei o dedo pela tela e atendi.
— Oi — minha voz saiu mais rouca do que eu esperava.
— Oi, amor. — A voz dele. A voz dele, e não a dela. — Estou surpreso por estar acordada tão cedo!
A voz de Lucas. Reconfortante e irritante ao mesmo tempo. Ele falava num tom tão normal, como se a noite anterior não tivesse existido, como se Carolina não tivesse surgido na tela do meu celular com aquele sorriso sacana e aquele roupão. Meu sangue ferveu.
Eu fechei os olhos e senti a irritação subir como fogo por dentro.
— Sério, Lucas? Você vai mesmo fingir que nada aconteceu? — Deixei a irritação transbordar. — Vai bancar o executivo dedicado e achar que esse escândalo todo não tem a menor importância, desde que o seu trabalho esteja intacto?
Do outro lado da linha, ele ficou em silêncio por alguns segundos, o su