Lucas
Esfreguei o rosto com as mãos trêmulas, como se o gesto pudesse apagar a cena que acabei de testemunhar. Os braços ardiam pela força que eu fiz para separar Angel e Carolina. Um segundo antes, elas eram duas mulheres adultas; no próximo, eram furacões descontrolados, cabelos voando, unhas arranhando, gritos ecoando no saguão do aeroporto.
Angel, de olhos faiscantes, ainda respirava rápido. Os cabelos, antes presos com perfeição, estavam desalinhados. Seu rosto carregava a fúria de quem havia chegado ao limite. Já Carolina, mais cínica do que nunca, apenas ajeitou o casaco como se a briga tivesse sido uma brincadeira infantil, antes de sair caminhando. Mas eu conhecia bem aquele olhar satisfeito. Ela havia conseguido o que queria.
Eu me sentia desnorteado. Entendia a raiva de Angel. Qualquer um entenderia. Carolina era mestre em provocar. No fundo, uma parte de mim até aplaudia a ousadia dela de não abaixar a cabeça. Mas, ao mesmo tempo, meu cérebro gritava que aquilo era um desa