Lucas
O interior do jatinho corporativo da Figueiredo S/A tinha o silêncio confortável de um carro de luxo deslizando por uma estrada vazia. As poltronas em couro cinza-claro, o aroma discreto de café fresco vindo do compartimento de serviço, e o som abafado dos motores aquecendo para a decolagem.
Sentei-me junto à janela, como sempre fazia. Coloquei o celular no modo avião, mas antes, mandei uma última mensagem para Angel:
Já embarquei. Partimos em 10 minutos. Já com saudade.
A resposta veio quase instantânea:
Toma cuidado. Se cuida por nós dois.
Sorri com o celular ainda na mão, sentindo um aperto sutil no peito. Angel sempre soube exatamente o que dizer, até quando falava pouco.
Foi nesse momento que ouvi o som dos saltos se aproximando pelo corredor estreito. Nem olhei, supondo que fosse um comissário ou um dos tradutores designados para o encontro em Florença.
Mas então, alguém acomodou-se no assento ao meu lado com uma desenvoltura que não combinava com formalidades. E o perfume