A paz que se seguiu à partida do Devorador não era a mesma de antes. Não era a paz ingênua da ignorância, mas a paz profunda e um pouco cansada de quem sobreviveu a uma tempestade e sabe que o mundo foi rearrumado por ela.
O santuário estava em silêncio. Não o silêncio vazio do medo, mas o silêncio reverente do luto e do renascimento. As pessoas se moviam com uma suavidade cautelosa, como se temessem perturbar o equilíbrio recém-adquirido.
Scarlet não soltou Luna e Kael por horas. Ela os embalou, cantarolando uma canção antiga que sua mãe humana, Gabriele, cantava para ela. As novas marcas cinza prateadas nas crianças pulsavam com uma luz suave e constante, como a luz de uma estrela distante. Elas não choravam, não agitavam. Estavam serenas, seus olhinhos observando o mundo com uma sabedoria que não era de bebês.
— O que ele deixou neles? — Rafael perguntou baixnho, observando os filhos com uma mistura de admiração e preocupação.
— Não é escuridão, respondeu Kieran com sua voz grave e