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Parti Sem Nada. Cheguei Inteira.

Parti Sem Nada. Cheguei Inteira.PT

Cuento corto · Cuentos Cortos
April  Completo
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Resumen
Índice

Na noite do nosso nono aniversário de casamento, meu marido — Thiago Vidal — o homem que durante o dia comandava uma família mafiosa e à noite dominava o meu coração, não me trouxe rosas. Ele deu as rosas para Mafalda Lemos, sua assistente pessoal. Sob o mesmo lustre sob o qual dançamos no nosso casamento, ele se virou para mim com aquele charme frio que um dia sussurrava promessas de amor ao meu ouvido. — Ela está grávida. — Disse ele, como se isso justificasse tudo. — E é exigente com comida. A partir de hoje, você vai preparar todas as refeições dela. Nada de repetir prato. — Ela é sensível. Não gosta de dormir sozinha. Então, leve suas coisas para o quarto de hóspedes. Silêncio total. Eu não gritei. Não chorei. Apenas peguei minha mala, que já estava pronta, e fui até a porta. O mordomo tentou me impedir. Thiago nem piscou. — Ela vai voltar. — Disse ele, girando a taça de vinho com desdém. — Em três dias, vai implorar de joelhos. Risadas explodiram ao meu redor. Na frente de todos, eles apostaram um milhão de dólares. Apostaram que antes mesmo do amanhecer, eu estaria de volta, como uma cadela esfarrapada, implorando por misericórdia. Mas eles não sabiam. Eu já tinha comigo o emblema da família enviado pelo meu verdadeiro pai. E minha passagem, para bem longe, já estava comprada. Desta vez, eu ia mesmo partir.

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Capítulo 1

capítulo 1

Assim que pisei fora da mansão, ouvi a voz de Thiago atrás de mim, a mesma de sempre: grave, autoritária.

— Regina Verani. Deixe o colar de obsidiana.

Fiquei paralisada.

Aquele colar era a única herança da minha avó.

Uma pedra vulcânica bruta, forjada entre fogo e tristeza, vinda da Islândia.

Nunca tinha saído do meu pescoço. Nem no dia do nosso casamento, nem na noite em que Thiago me abraçou e disse, pela primeira vez, que me amava.

Ele se aproximou, com um tom tão casual que me causou arrepios.

— Mafalda tem passado mal desde o início da gravidez. Esse colar talvez ajude a acalmar os ânimos dela.

Por um segundo, achei que fosse piada.

Mas os olhos dele diziam o contrário.

Apertei o colar com força. As bordas irregulares cravaram na minha palma, mas a dor ali dentro, no fundo do peito, era ainda pior.

Quando viu meus olhos marejados, ele desviou o olhar e soltou um suspiro.

— Vamos fazer assim, Regina. Diga quanto quer. Eu pago o quanto for preciso.

Nove anos de casamento, pisoteados como lama. Quanto valiam?

Não perdi tempo tentando calcular.

Só lembrei do dia no resort de esqui, quando me recusei a ceder minhas joelheiras para a Mafalda.

E um dos capangas de Thiago arrancou meu casaco e me deixou do lado de fora, no frio congelante.

Enquanto isso, ela tomava chocolate quente na frente da lareira.

Então, agora, sob o olhar de todos na sala, fui até Mafalda e coloquei o colar em seu pescoço magro.

— Boa sorte pra você e pro bebê. — Sussurrei.

Ao ouvir minha bênção, Thiago finalmente sorriu. Um daqueles sorrisos cínicos, como se estivesse me concedendo alguma gentileza.

— Regina, enquanto você continuar obediente, o meu filho também será seu. Ninguém vai tirar seu lugar.

Mal ele terminou de falar, como se o destino estivesse ouvindo, o colar no pescoço de Mafalda se partiu.

A pedra de obsidiana caiu no chão e se estilhaçou.

Um dos cacos voou como uma lâmina, cortando o tornozelo dela.

Ela gritou.

Thiago correu na mesma hora, desesperado, e a pegou no colo como se fosse feita de vidro.

— Chama o médico! — Thiago gritou com o mordomo.

Em seguida, lançou um olhar para mim. Um olhar que mais parecia uma acusação.

Aquele mesmo homem que um dia passou três noites acordado só pra segurar minha mão enquanto eu lutava contra uma gripe, agora me encarava como se eu fosse uma criminosa.

E os outros? Aquela elite dos ricos, vestidos de grife, gente que um dia chamei de amiga.

Todos me olhavam com desprezo disfarçado de sorriso.

Viram no que eu tinha me transformado: a mulher que já sentou à direita do chefe da máfia. agora ajoelhada aos pés dele.

Nem eu consegui conter o riso amargo por dentro. Era ridículo.

Agarrei firme o puxador da mala e me virei pra ir embora. Mas Thiago me segurou pelo pulso com tanta força que pensei que os ossos iam se partir.

— Peça desculpas pelo que fez.

Sem se importar com o que eu dizia ou como eu me debatia, ele me empurrou, e caí aos pés de Mafalda, que já estava sentada.

Meu joelho rasgou em cima de um dos estilhaços da obsidiana. O sangue escorreu e tingiu o mármore branco.

Ele viu o sangue, viu a dor estampada no meu rosto, e finalmente soltou meu braço.

— Você quebrou o colar de propósito e ainda feriu a Mafalda. Vai me dizer que não deve um pedido de desculpas?

No último ano, eu já tinha dito mais "desculpas" do que em toda a minha vida.

"Desculpa, a comida não estava boa."

"Desculpa, te mandei mensagem porque fiquei preocupada com sua ressaca."

"Desculpa, vi sem querer a mensagem da Mafalda te chamando pro hotel… não foi minha intenção invadir sua privacidade."

Endireitei as costas. Mordi o lábio com tanta força que o sangue escorreu pela boca — tudo pra não chorar.

Inclinei o corpo e fiz uma reverência profunda diante de Mafalda. Uma.

Depois, mais uma.

E mais uma.

Três no total.

Levantei os olhos, fria, e encarei Thiago.

— Está satisfeito agora?

Ele fixou o olhar no meu sangue escorrendo pelos lábios. O peito subiu e desceu, como se algo o incomodasse.

Veio até mim e, com raiva, limpou com os dedos a mancha vermelha. Apertou meu queixo com força.

— Regina, o seu grande protetor não está aqui. Vai continuar com essa encenação pra quem ver?

Antes que eu pudesse responder, o médico da família chegou correndo, com a maleta de primeiros socorros nas mãos.

Thiago nem me olhou mais.

Conduziu o médico até Mafalda, passou direto por cima das marcas de sangue no chão, como se não estivessem ali.

Enquanto ele cuidava dela, e só dela, fui me levantando devagar. Peguei um lenço e limpei o sangue que ainda escorria da perna.

Na saída, joguei o lenço manchado no lixo, como se estivesse me desfazendo de algo muito maior.

Sim, Thiago.

Você também já não significava mais nada pra mim.
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