Na noite do nosso nono aniversário de casamento, meu marido — Thiago Vidal — o homem que durante o dia comandava uma família mafiosa e à noite dominava o meu coração, não me trouxe rosas. Ele deu as rosas para Mafalda Lemos, sua assistente pessoal. Sob o mesmo lustre sob o qual dançamos no nosso casamento, ele se virou para mim com aquele charme frio que um dia sussurrava promessas de amor ao meu ouvido. — Ela está grávida. — Disse ele, como se isso justificasse tudo. — E é exigente com comida. A partir de hoje, você vai preparar todas as refeições dela. Nada de repetir prato. — Ela é sensível. Não gosta de dormir sozinha. Então, leve suas coisas para o quarto de hóspedes. Silêncio total. Eu não gritei. Não chorei. Apenas peguei minha mala, que já estava pronta, e fui até a porta. O mordomo tentou me impedir. Thiago nem piscou. — Ela vai voltar. — Disse ele, girando a taça de vinho com desdém. — Em três dias, vai implorar de joelhos. Risadas explodiram ao meu redor. Na frente de todos, eles apostaram um milhão de dólares. Apostaram que antes mesmo do amanhecer, eu estaria de volta, como uma cadela esfarrapada, implorando por misericórdia. Mas eles não sabiam. Eu já tinha comigo o emblema da família enviado pelo meu verdadeiro pai. E minha passagem, para bem longe, já estava comprada. Desta vez, eu ia mesmo partir.
Leer másAo som dos gritos dilacerantes de Mafalda, Thiago nem sequer franziu a testa. Sua voz veio fria como gelo:— Mafalda, tudo o que você fez com a Regina, agora está apenas sentindo na pele. Não é nenhum exagero, certo?Ele fez uma pausa breve, antes de continuar, cruel e sereno:— Ah, e não vão te dar anestesia, nem analgésico. A partir de hoje, você nunca mais poderá ter filhos. Esteja pronta.Do outro lado da linha, o silêncio durou alguns segundos.E então, Mafalda começou a implorar em desespero:— Thiago. Thiago! Você não pode fazer isso comigo! Por favor, poupe o nosso filho! Ah—!O grito repentino dela me fez estremecer.Thiago desligou o telefone com a mesma expressão serena de sempre, um sorriso quase suplicante nos lábios.Pálido como nunca, ele pegou minha mão e encostou no próprio rosto:— Regina, mais tarde vou mandar o vídeo da cirurgia pra você. Se quiser, também posso pedir que enviem o corpo do feto.— Quando você vir tudo com seus próprios olhos, será que pode me perdoa
Nessa guerra silenciosa e forçada, o primeiro a perder o controle foi Justin.Naquela noite, voltávamos de uma festa. De longe, vimos Thiago parado sob a luz do portão de ferro, segurando um violino.O caminho até a casa estava coberto por pétalas de rosas.Assim que desci do carro, o céu atrás de mim se acendeu com milhares de fogos de artifício.Em meio às explosões, Thiago começou a tocar "Liebestraum" no violino, a mesma música da nossa história.Justin já tinha se torturado incontáveis vezes assistindo à gravação do pedido de casamento de Thiago.Na época, eu era jovem e ingênua. Me deixei levar pelo espetáculo dos fogos, pela emoção sincera que ele colocou naquela melodia.Foi ali, sobre um tapete de pétalas, que aceitei me casar com ele.Agora, ao perceber que minha atenção se desviava para os fogos, Justin perdeu a calma e avançou.Acertou um soco direto em Thiago:— Desgraçado! Por que você não volta de uma vez pro buraco de onde saiu?Thiago não ficou atrás:— Vivi nove anos
Quando Thiago acordou, o pêndulo do relógio na parede já marcava meia-noite.Na mesa de cabeceira, uma xícara com água ainda morna esperava por ele. Ele a pegou com ambas as mãos e bebeu até a última gota. Ele saiu do quarto com um leve sorriso nos lábios, tentando ignorar o mal-estar no corpo. Queria encontrar Regina, conversar com calma.Mas, ao subir a escada em espiral, o suor frio escorrendo pela testa, deu de cara com a cena:sua esposa nos braços de Justin e os dois se beijavam.A dor veio como um choque, direto no coração.Thiago cerrou os lábios pálidos, correu até os dois e agarrou Justin pela gola da camisa, a raiva queimando nos olhos.— Seu desgraçado! O que pensa que tá fazendo com a Regina?Não dava mais pra fingir. Thiago sabia que Regina não era uma vítima enganada.— Quem te deu o direito de tocar nela?!Justin apenas arqueou um sorriso debochado.— Me diz uma coisa, você alguma vez tratou a Regina como ela merecia?Thiago não deixou ele terminar. O soco veio seco, d
Sentindo meu corpo um pouco rígido, Justin me envolveu com mais força,— Thiago, não é? O marido da Regina. — Disse ele, com um sorriso tranquilo nos lábios, olhando diretamente para mim. — Sinceramente, o que você viu nele? Acho que, no mínimo, eu sou bem mais bonito.Thiago mal conseguia respirar. Era como se tivesse levado dois socos no peito.Mas o olhar dele não desgrudava da mão de Justin pousada na minha cintura.Se estivesse no seu próprio território, provavelmente já teria sacado a arma e perfurado aquela mão sem hesitar.Justin, percebendo, afastou o braço com elegância.— Não olha pra minha mão desse jeito. É falta de educação.— Mas já que estamos todos aqui, me apresento de forma mais adequada. Sou Justin.Ao lado de Justin, impecável e sereno, Thiago, mesmo de terno, parecia desconcertado, quase fora de lugar.— Você é o órfão adotado pela família dela, não é? — Rosnou. — Só um garoto de abrigo. E acha que pode se aproximar da Regina?Justin ergueu uma sobrancelha e deu d
— Querido, por favor, me escuta — implorou Mafalda, aflita. — Eu e o bebê, a gente não pode viver sem você. Mesmo que você me odeie, não devia odiar o nosso filho!— Se a Regina realmente te amasse, ela devia aceitar o nosso bebê como se fosse dela. Afinal, ela mesma não pode ter filhos, você esqueceu disso? E ainda por cima ela estragou o aniversário do Matheus, fez você e ele passarem vergonha na frente de todo mundo! Ela é má, ela…A cada palavra, o rosto de Thiago se tornava mais frio. Mafalda foi diminuindo o tom, até quase sussurrar.Ele ajeitou os punhos da camisa, com calma. Usava os abotoados que Regina lhe dera, e não os de Mafalda, um detalhe pequeno, mas carregado de significado.— Parece que você esqueceu quem é. — Disse ele, a voz baixa, cortante. — Mafalda, eu sempre achei que você só tivesse umas manias, uns ataques de ciúmes. Por isso, fechei os olhos pra muita coisa que você fez.Ele a encarou.— Você tem razão: Regina não pode mais engravidar. Foi por isso que eu esc
Diante da pergunta direta de Matheus, Thiago apertou os lábios antes de responder:— Regina tem se esforçado demais nos preparativos. Acabou exausta e teve uma crise de asma. Achei melhor deixá-la descansar.Matheus olhou em silêncio para Mafalda, que conversava com outros convidados a poucos metros dali. O olhar afiado parecia atravessar tudo, como se enxergasse além das palavras do filho.Duas horas se passaram.Os convidados já haviam cumprimentado o anfitrião e entregado seus presentes. Thiago, de canto, encarava a tela do celular repleta de mensagens não lidas, sentindo uma inquietação cada vez mais difícil de conter.Usando o cigarro como desculpa, saiu discretamente para a varanda e tentou ligar para Regina.Chamou por longos segundos até que a chamada caiu em um tom de linha ocupada.Um arrepio percorreu a espinha de Thiago. Incrédulo, tentou de novo. A mesma resposta fria.Bloqueado.— Merda! — Gritou, desferindo um soco na parede.Dentro do salão suntuoso, um dos subordinados
Último capítulo