No sétimo ano do meu noivado com Pedro Lacerda, ele herdou tudo do irmão falecido. Inclusive a esposa do irmão — Violeta Moraes. Sempre que Pedro e Violeta dormiam juntos, ele me abraçava depois e tentava me consolar: — Yolanda, espere só mais um pouco. Assim que Violeta engravidar, vamos fazer nosso casamento. Essa era a única exigência da Família Lacerda, o maior grupo da Máfia da Costa Oeste, para que Pedro se tornasse o novo Capodeicapi. Depois de meio ano de volta ao país, Pedro foi ao quarto de Violeta cinquenta e nove vezes. No início, era uma vez por mês, agora, ele quase ia lá todos os dias. Finalmente, na sexagésima vez em que vi meu noivo sair do quarto de Violeta, chegou a boa notícia: Violeta finalmente estava grávida. Mas junto com essa notícia, veio também o anúncio do casamento de Pedro e Violeta pela Família Lacerda. — Mãe, alguém vai se casar aqui em casa? Segurando meu filho confuso nos braços, olhei com indiferença para o ambiente luxuosamente decorado pela empresa de festas: — Sim, seu pai vai se casar com a pessoa que ele ama. Por isso, chegou a hora de irmos embora. Pedro não sabia que a nossa Família Gomes já havia se tornado uma nova Máfia capaz de rivalizar com os Lacerda. E eu, Yolanda Gomes, a filha mais querida da Família Gomes, jamais seria presa por um casamento.
Ler maisSob o olhar surpreso de Pedro, continuei dizendo:— Pedro, você me dá nojo.Pedro, tomado pela raiva e vergonha, veio em minha direção, mas foi empurrado de volta pelo meu irmão mais velho, cambaleando alguns passos. Ele gritou:— Eu já te pedi desculpas! O que mais você quer?— Você não era assim antes... Você, claramente...Ele não terminou a frase, mas eu entendi o que queria dizer.Aproximei-me dele. Vi o sorriso surgir em seu rosto com a minha aproximação e, sem hesitar, dei-lhe um tapa no rosto.Ao ver sua expressão de incredulidade, sorri.— Você realmente achou que bastava pedir desculpas para que eu te perdoasse e voltasse com você?— Antes, eu te amava tanto, amava a ponto de sair do país por você, de ter um filho por você, de suportar a humilhação da sua família comigo e até de aguentar você entrando repetidas vezes no quarto da Violeta.— Mas, Pedro, você devia saber, o amor se desgasta. Você me feriu tantas vezes e ainda espera que eu te ame como antes?Pedro foi recuando,
O ambiente familiar fez com que tanto eu quanto meu filho nos sentíssemos muito mais à vontade.Pelo caminho, conhecidos nossos nos cumprimentavam sorridentes. Aos olhos deles, eu era a filha caçula mais mimada da Família Gomes, não a noiva de Pedro.O carro do meu irmão mais velho já estava estacionado do lado de fora, ele disse que nos levaria direto para a mansão, onde a família havia preparado um jantar especial.Ao ouvir falar do jantar em família, Bryan se encolheu de leve em meus braços, um pouco nervoso. Acariciei suas costas para tranquilizá-lo, pois sabia exatamente do que ele tinha medo.Nas festas da família Lacerda, eles sempre foram muito rigorosos comigo e com Bryan. Bastava Bryan cometer o menor deslize, até mesmo se, ao cortar um pedaço de picanha, a faca arranhasse o prato e fizesse barulho, e já recebíamos uma bronca.Quanto a mim, eu tinha que ficar ao lado dos empregados, servindo-os durante o jantar e só podia ir para a cozinha comer depois que todos terminassem.
Recostado no encosto da cadeira, Pedro começou a olhar as mensagens entre nós dois.Nos últimos seis meses, nossas conversas haviam sido lamentavelmente poucas, a maioria delas era eu lhe desejando bom dia, boa noite, pedindo para ele se cuidar.Pedro raramente me respondia, geralmente apenas mandava um "sim" para indicar que tinha visto.Mas desde que Pedro começou a entrar com frequência no quarto de Violeta, nossas mensagens se tornaram ainda mais escassas.No último mês, eu nem mesmo disse "bom dia" para ele.Continuando a deslizar pelo celular, Pedro de repente franziu a testa e se endireitou. Ele viu as mensagens mais recentes, enviadas poucos dias atrás.Eram minhas súplicas pedindo para que ele voltasse para participar do aniversário de Bryan.Naquela época, ele estava ocupado organizando seu noivado com Violeta, completamente esquecido do aniversário do filho.Ele pensou que nossa visita repentina naquele dia tinha sido para envergonhá-lo. A imagem de Bryan ajoelhado, chamando
[Se essa é sua escolha, então eu vou deixar você ir. Eu e Bryan estamos indo embora, desejo que seja feliz.]No mesmo instante, enquanto aguardava impaciente pelo primeiro olhar vestido de noivo, o celular de Pedro vibrou. Um calafrio inexplicável percorreu seu corpo. Ao ler a mensagem, ele largou o buquê que preparara para Violeta e saiu correndo.As cortinas se abriram. Violeta, deslumbrante em seu vestido de noiva sob medida, caminhou lentamente, ansiosa para ver o olhar de Pedro. No entanto, deparou-se apenas com o palco vazio.Pedro pulou direto em um carro esportivo e disparou em direção ao aeroporto.Enquanto acelerava, ultrapassando um carro após o outro, ele tentava me ligar, em meio ao som insistente do sinal de ocupado no celular. Cada vez mais ansioso, ele buzinava sem parar.— Por que tem tanta gente na rua?!Na quinta vez em que quase atropelou um pedestre, Pedro bateu com raiva no volante e gritou:— Que droga!O segurança ao seu lado suava frio e murmurou baixinho:— Ca
Ao ouvir o chamado de Bryan, o rosto de Pedro suavizou um pouco, e as conversas ao redor também diminuíram.Bryan olhou para o grande bolo ao lado e disse:— Capodeicapi, essa festa de aniversário foi preparada para mim? Posso cortar o bolo com você?Bryan aguardara por esse aniversário por muito tempo, em seu coração, estar ao lado de Pedro já bastava, mesmo que não pudesse chamá-lo de pai.Mas, nesse instante, uma mulher vestida com um traje vermelho, maquiada de modo exuberante, aproximou-se de Pedro, enlaçando seu braço e disse:— Não pode, não.— Querido, hoje é nosso jantar de noivado, uma celebração privada. Acho que pessoas de fora não podem participar, não é?Ela ignorou Bryan e falou diretamente com Pedro.Entendi então que tudo aquilo fora planejado por Violeta. Foi ela quem enviou a mensagem que nos trouxe até aqui, não só para nos humilhar em público, mas também para forçar Pedro a admitir diante de todos que éramos forasteiros.Não era só Violeta quem olhava para Pedro, e
Ao sair do salão de festas, levei Bryan pela rua comercial e comprei um sorvete para ele.Bryan, enquanto saboreava o sorvete, já havia parado de chorar. Acariciei seus cabelos, ele tinha os mesmos fios castanhos de Pedro.— Querido, a mamãe vai te levar para fora do país, tudo bem?Bryan levantou os olhos para mim, e respondeu baixinho:— E o pai?Ainda era uma criança, esquecera tão rápido. Limpei suavemente o creme do canto de sua boca e disse:— Seu pai vai ficar aqui, ocupando o lugar dele como Capodeicapi. Lembre-se de que, de agora em diante, você deve chamá-lo de Capodeicapi. Ele não é mais o seu pai.Bryan abaixou a cabeça, e as lágrimas voltaram a escorrer de seus olhos, vi em seu olhar a dificuldade em aceitar.Sim, ninguém consegue aceitar que o próprio pai não o queira mais. Quando eu ponderava se deveria pedir para Pedro deixar Bryan ficar, Bryan apertou forte minha mão e disse com firmeza:— Mãe, eu vou com você, mas quero passar mais um aniversário com o papai, pode ser
Último capítulo