" Alya Torres, a herdeira de uma família rica, sempre teve tudo que o dinheiro pode comprar. " Héctor Martínez nunca deveria ter olhado para ela. Mas uma vez que o fez, não havia mais volta. Sendo apenas um simples peão, ele se perdeu em um amor que queimava por dentro, selvagem e errado. Não era apenas paixão... era algo mais escuro, mais profundo. Ela era tudo o que ele não podia ter, e isso só fez sua obsessão crescer. Amar? Talvez. Possuir? Certamente. Mas quando a fortuna de sua família desmorona e ela é pressionada a se casar para salvar o futuro da sua família, até onde ela estará disposta a ir para ter tudo de volta? E ele, aceitará ser apenas uma peça no jogo dela?
Ler maisParte 1
Começo um tropeço, e não há perdão✿ Nunca me importei com ninguém, até o ver escorrer pelos meus dedos, quente e pesado, uma sensação que nunca esquecerei. É estranho, quase irônico, como tudo começou. Talvez nunca tenha sido sobre amor. Mais , olhando para trás, não consigo evitar a sensação de que fui eu quem puxou o gatilho, e a partir daquele momento minha a vida mudou drasticamente. (❛❛❛) Já passava das seis da tarde, mas o céu ainda exibia aquele tom alaranjado famoso clichê do interior, como se quisesse fingir que aquele lugar era bonito. Foi quando decidi dar uma volta pela fazenda Torres… Estava a poucos passos de deixar para trás essa cidade, minha casa. Odiava esse lugar. Tudo nele. monotonia tranquila. Desde o dia em que meu pai decidiu que comprar uma fazenda no interior seria "boa ideia. Era a terra natal dele, um lugar pequeno e abafado chamado San Ignacio, a umas 1 horas de carro da capital do México. Eu tinha sete anos quando nos mudamos. A cidade, para quem olha de fora, até tem seu charme. Famosa pelo seu peculiar "café vermelho", um blend que atrai turistas e é o orgulho local, parece um lugar onde a vida segue tranquila e encantadora. Mas, pra mim, isso é apenas mais uma fachada. Nunca consegui me adaptar de verdade. Perdi amigos, perdi a cidade, perdi tudo o que fazia minha infância parecer normal. O Sr: Germán costuma dizer que o amor pelo campo corre no sangue, de geração em geração. Só que, ao contrário da crença dele, eu não nasci com esse amor. Minha mãe era modelo até conhecer meu pai e, como ela mesma gosta de dizer, "cair na armadilha". Não demorou muito para que ela engravidasse. Ela abandonou as passarelas e decidiu se dedicar à família. Pelo menos, foi isso que ela disse. Mas, às vezes, quando olho para ela, percebi aquele olhar vazio, como se ela estivesse arrependida. Enquanto muitas crianças brincavam de boneca, eu gastava boas horas das minhas tardes tentando criar vestidos para mim. Às vezes, invadia o guarda-roupa da minha mãe, pegava suas maquiagens e até algumas roupas para tentar inventar algo. Com o tempo, esse hobby virou uma paixão. E foi ali que eu decidi: um dia, seria estilista. A ideia de criar algo único, algo que pudesse transformar a aparência e a confiança de alguém, me fascinava. Mas o lugar onde eu morava não podia me oferecer nada disso. Já ouviu aquele ditado que diz que, para você se dar bem na vida, precisa sair de onde está? Pois é. Esse ditado soa como um mantra na minha cabeça. E se existia algo que meu pai amava tanto quanto o campo, era a época das eleições. O meu pai fazia questão de estar presente em tudo que envolvesse política. Não importava o quão insignificante fosse o evento, lá estava ele, discursando com entusiasmo e defendendo alianças, sempre ao lado da família Arango, e os Gates que era muito próxima da minha. As três famílias. Umas das mais influentes do interior, eram uma espécie de sociedade. Então desde que me entendo por gente, conheço. Davi, Rafael e Ruby sua irmã Rafa foi meu primeiro amigo. Nunca nos separamos — até o dia em que ele decidiu cursar engenharia e se mudar para a capital. Isso já faz dois anos. Os pais dele Miguel e Cecília. Eles quase se tornaram meus padrinhos, mas minha mãe já tinha combinado com outros, então isso acabou ficando fora de questão. Atualmente, eles são conhecidos pelos seus cavalos, um dos melhores da região. Ruby e eu nunca fomos exatamente próximas. Tínhamos a mesma idade, estudamos na mesma escola, até dividimos a mesma sala de aula. Mas, fora isso, nossas conversas sempre foram limitadas ao necessário, apenas o suficiente para lidar com a convivência inevitável. Tudo mudou quando, aos 15 anos, Ruby engravidou de seu primeiro filho, Renê. Ele acabou se tornando meu afilhado, e não demorou muito para que eu me apaixonasse perdidamente por aquele pequeno milagre. Davi é filho de Carlos Gates, o prefeito mais eleito na história da nossa cidade, e de Maria, a primeira-dama. Eles são oficialmente meus padrinhos. Mais naquela época, a notícia me pegou de surpresa, e confesso que não foi fácil aceitá-los. Mas, com o tempo, acabei me acostumando à presença deles, e foi por meio dessa convivência que fiquei próximo de Davi. Ele se tornou meu segundo melhor amigo, quase tão próximo quanto Rafael. Passávamos horas juntos, dividindo segredos e sonhos. Quando ele terminou a escola e decidiu cursar veterinária na capital, assim como o Rafa. Isso foi exatamente há um ano atrás. A despedida foi rápida e sem cerimônias, como se ambos soubéssemos que aquilo seria o fim de uma era. E assim, nossos caminhos se separaram, e eu, inevitavelmente, fiquei sozinha. A política sempre foi algo sério no interior. Nossos pais eram da oposição. Estavam constantemente em confronto com outras duas famílias, mas ao contrário da nossa, elas tinham muito mais poder. A família Moore sempre ocupou o topo da pirâmide social e econômica da cidade. Sérgio Moore, era o proprietário da WM, a maior e mais influente fábrica de carne da região. A empresa era conhecida por sua capacidade de ditar as regras do mercado, controlando grande parte da distribuição e produção de carne. Logo abaixo deles, estavam os Ricci, uma família tradicionalmente dedicada à criação de gado. Eles mantinham uma relação comercial estreita com os Moore, fornecendo o melhor gado da região para abastecer a fábrica WM. Essa dependência mútua consolidava o poder econômico de ambas as famílias e fazia com que os Ricci ocupassem o segundo lugar na hierarquia local.— Cecília, você pode até tentar ser do jeito que quiser, mas quando se trata de criar minha filha, você não tem nada a ver com isso — Isabela disparou, com os olhos duros.— E eu te falo o mesmo, Isabela — Cecília não hesitou. — Você não tem o direito de falar assim dele. Ele apenas um menino, sabia? E mais, ele cuida muito bem da sua filha, o que é algo que você deveria agradecer.Minha mãe fez aquela cara de quem se arrepende, mas eu sabia que era só encenação. Ela só queria evitar mais uma discussão na frente da Cecília.— Vamos sair daqui — disse Cecília, com um tom decidido. — Se eles não estão aqui no estábulo, é porque provavelmente estão com o Rafael. Brincando, sei lá, fazendo alguma coisa. Logo, eles começaram a se distanciar.Quando finalmente ficamos sozinhos, Hector soltou um suspiro baixo e me olhou com aquela expressão que eu já conhecia bem.— Tá tudo bem? — perguntou — quase como se quisesse se certificar de não me incomodar.Balancei a cabeça, tentando esconder o ner
Minha respiração saiu pesada. O olhar dele era intenso, carregado de algo que eu não queria decifrar. Então, o toque veio—leve, mas certeiro. O polegar dele deslizou devagar pela minha bochecha, apagando qualquer traço das minhas lágrimas.— Eu teria ido mesmo assim. — A voz dele. — Mas ela me odiaria ainda mais.Minha respiração ficou mais pesada.— E, Ayla… Eu não queria piorar tudo. Então preferi esperar notícias suas. Quem me contava tudo era o Rafa.Engoli em seco, sentindo o nó na garganta apertar até ficar quase insuportável. A sensação de impotência me envolvia por completo—saber que ele realmente tentou, que não foi por falta de vontade, fazia tudo pior.— Me desculpa... — A palavra saiu engasgada…Ele não parecia estar mentindo. Pelo contrário. Havia algo nele, uma irritação. Como se ter que me dar essa explicação o estivesse destruindo por dentro.Nunca quis parecer frágil na frente dele. Mas, naquele momento, era impossível segurar.— Eu não sabia, Hector... — Minha voz sa
— HECTOR! — exclamei — Acenando com a mão, sem saber se queria um sorriso dele ou se preferia ir até lá e socá-lo de uma vez. Ele se virou, passando o antebraço pela testa suada. E então, quando me viu, aquele sorriso surgiu no mesmo instante—fácil, aberto, como se nada no mundo pudesse derrubá-lo. Como se eu não tivesse passado a última semana inteira remoendo tudo. O moreno veio na minha direção com passos largos, sem hesitação. — Ayla?! — Os olhos dele se arregalaram, e, em um segundo, a expressão mudou. Preocupação. — Que diabos você tá fazendo aqui? Você tá bem? A febre passou? Falso. Revirei os olhos, cruzando os braços. A febre tinha ido embora, mas a raiva? Essa ainda tava aqui, firme e forte. — Senti tanto a sua falta… — Ele disse, com aquela entonação estranha que eu não conseguia entender. — Você sumiu. Uma semana inteirinha sem dar as caras. Os olhos dele desceram pelo meu corpo, observando cada detalhe, como se procurasse algum sinal de que ainda não estava 1
Minha garganta secou, e eu engoli em seco, tentando me recompor. Olhei para a janela novamente, tentando me distrair com a paisagem, mas era impossível. Meus olhos voltaram para ele, quase que involuntariamente, e dessa vez ele me viu. No retrovisor, e eu senti um calafrio percorrer minha espinha, mas disfarcei rapidamente, virando o rosto para a janela novamente. Meu coração batia mais rápido, e eu tentei me convencer de que era só o movimento do carro. Foi quando senti o toque de um dedo no meu ombro. Eu congelei, o arrepio subindo pela minha espinha. Virei o rosto lentamente e lá estava Ângela, com aquele sorriso travesso que me fazia querer pular da janela. Ela inclinou a cabeça, seus olhos brilhando com algo entre curiosidade e diversão. — Aquele cara... — ela sussurrou, com os olhos fixos em Hector. — Não é de se jogar fora, né? Eu dei um sorriso pequeno, quase imperceptível, mas não respondi. Em vez disso, meus olhos voltaram para o retrovisor, quase que involuntariamente
— Heitor, você lembra da Ayla, né? — Cecília perguntou, com um sorriso curioso. — Vocês eram inseparáveis na infância.Eu levantei a cabeça, finalmente encarando-o.Agora, olhando mais de perto, ele parecia... maior. Ou seria só impressão minha?E eu, bem, eu não mudei. Ainda era a mesma Ayla de sempre, com a mesma altura que me fazia parecer pequena diante dele. Eu mal passava da altura do peito dele.Então, seus olhos se fixaram em mim. Direto. Sem desviar, sem nenhum vestígio de hesitação.— Claro que lembro — ele disse, a voz profunda e serena — Como poderia esquecer?Aquela resposta foi estranha, mais forte do que qualquer outra coisa. Como se, de repente, o passado inteiro tivesse voltado, mas agora, era diferente. Eu não era mais aquela garota que se sentia segura ao lado dele.Agora, eu era só uma estranha para ele. E ele, para mim. Uma distância imensa, como se o tempo tivesse apagado tudo o que um dia fomos.— Como você está? — Ele perguntou, e aquilo foi tenebroso eu não e
— É bom você não ficar dando desculpas depois. Vai ser divertido, prometo. — Ela levantou as sobrancelhas, com um sorriso que, apesar de provocador, tinha algo de sincero.Eu ri baixinho, tentando disfarçar a insegurança. Divertido, é? — Eu só preciso pegar algo nada de mais. — Respondi, me levantando lentamente, forçando minha cabeça a relaxar, já decidida a seguir em frente.Ela se virou rapidamente para Cecília e fez um gesto dramático com a mão.— Viu? — ela disse, rindo — Eu sabia que ela vinha. Não pode resistir à nossa companhia.Cecília riu.Fui até o meu quarto. Abri a gaveta e puxei o colar de ouro com o “R”. Passei os dedos pelo pingente antes de prendê-lo no pescoço, deixando que o frio do metal se acomodasse contra minha pele.Agora sim…As duas estavam rindo da piada que Angela acabou de contar, e a gargalhada da Cecília ressoando pela rua. Meio irônico, né? Elas acabaram de se conhecer, e já eram quase como velhas amigas. Enquanto caminhávamos em
Último capítulo