LAIKA
O céu apresentava-se como um vasto manto de breu, despido de lua e de estrelas, por isso acendi uma fogueira no quintal e comecei a contornar as chamas, aguardando a chegada de Karim. Durante todo o dia nenhum sinal dele se aproximou da casa, tampouco de Morpheus. Sekani apenas comentou, sem grande utilidade, que Karim seguira para o palácio.
Morpheus também estava lá, e eu não conseguia afastar da mente a possibilidade de que ambos se envolvessem em mais uma disputa entre aqueles muros. Eu precisava falar com Karim. Por alguma razão, recusava-me a acreditar que ele tivesse assassinado a princesa e queria que soubesse disso. Desejava confiar nele e assegurar-lhe que não havia nada entre Morpheus e eu.
Eu precisava fazê-lo acreditar e não pretendia enfrentá-lo com hostilidade. Se, para convencê-lo, fosse necessário partir ao lado dele, eu correria o risco. O som de passos fez-me comprimir os lábios e perscrutar a escuridão até que a silhueta se definisse. Quase revirei os olhos ao