ALFA KARIM
Ouvi vozes abafadas, mas todo o meu corpo parecia submerso numa paralisia gélida. Que feitiço era aquele? As pálpebras recusavam-se a erguer-se, enquanto uma dor latejante martelava nas têmporas, inclemente e irritante. Por que me sentia assim? Forcei-as a abrir e, quando finalmente cederam, tudo permaneceu turvo. Ainda assim, vislumbrei sombras na entrada e distingui vozes femininas. O que, em nome da lua, eu fazia na tenda de uma mulher?
Devia ter bebido além da conta na noite anterior. Perguntei-me quantas canecas de cerveja entornei. Pisquei e notei uma silhueta feminina conversando com um homem, e logo reconheci a voz masculina: era Jago. Mas quem era a mulher que lhe dava ordens? E que oferta de paz era aquela de que falavam? Fechei os olhos por um instante, tornei a abri-los e lutei para dissipar a névoa que toldava visão e raciocínio.
Pouco depois Jago retirou-se, e a mulher adentrou o aposento. Deteve-se ao meu lado e pronunciou meu nome. Tratou-me pelo primeiro nom