LAIKA
Permaneci sentada ali por longos instantes e, quando a curiosidade finalmente se tornou insuportável, abandonei a caverna e encontrei MOLART no alto da montanha, contemplando a meia-lua que pairava no firmamento. Mantive-me a certa distância, observando-o, incapaz de decidir se devia ou não me aproximar. Depois de muita reflexão, apanhei uma tigela com água, misturei as ervas medicinais que costumava empregar para tratar meus próprios ferimentos e caminhei até ele. MOLART não se virou nem proferiu palavra. Torci o pano, expulsando o excesso de água, e limpei-lhe a omoplata, onde um talho se estendia até o peito.
— Você não precisa fazer isso. Precisa descansar. Já está tarde.
— Mas eu quero fazer. Não consigo ver você assim, ferido, enquanto estou aqui. Ver você desse jeito me incomoda e também não consigo dormir.
— Não mereço sua gentileza, Laika. — Ele me olhou.
— Como eu já disse antes. Tudo e todos merecem uma segunda chance, assim como merecem gentileza.
Ele murmurou algo in