LAIKA
Enfurecer-me com MOLART significava renunciar às pétalas da vida por um bom tempo. Precisei refletir sobre o que realmente pretendia. Restavam apenas poucas horas até o amanhecer e, no dia seguinte, eu teria a derradeira chance de obter a pétala. Sobressaltei-me ao perceber os passos de MOLART; em instantes ele surgiu à entrada, e eu o encarei, tomada de ira.
— Estou pronta para lutar com você agora. Tenho pouco tempo. — Declarei.
— Laika. — Ele chamou num tom suave, mas ergui a mão para interromper.
Dispensava explicações. Não viera até ali para restaurar laços de sangue, muito menos para reconhecer como pai alguém que fora, e ainda é, uma besta.
— Não quero ouvir. Minha mãe morreu ao dar-me à luz. Você não deve se desculpar comigo.
— Arrependo-me de tudo o que fiz, de ter odiado as mulheres com tamanha ferocidade. Prometo que tentarei reparar.
— Como?
Ele aproximou-se; recuei um passo. Observá-lo tão vulnerável fazia-o parecer mais homem que fera.
— Escute, Laika. Você é uma pe