LAIKA
Meus olhos se abriram num sobressalto e dei por mim dentro da caverna, onde filetes de luz dourada atravessavam a abertura irregular. Ainda era manhã, o segundo dia, e, por algum descuido imperdoável, eu dormira. Ao tentar me erguer, percebi que mãos e pernas estavam amarradas. Um soluço escapou-me enquanto eu vasculhava o entorno à procura de respostas.
— Joy, o que aconteceu?
— Estamos no covil de MOLART.
Um tremor percorreu-me da nuca aos calcanhares. Eu não fazia ideia do que fazer. O medo voltava a dominar cada centímetro do meu corpo. Amarrada, não conseguiria enfrentá-lo. Enquanto esse turbilhão de ideias girava na mente, passos pesados ressoaram na galeria, e o coração despencou-me para o estômago. Nunca vira MOLART, mas as histórias bastavam. Temia que todo esforço para manter a calma se mostrasse inútil.
A sombra dele surgiu na entrada. Ele parecia colossal. Talvez a luz o engrandecesse. Contive o pavor, fingindo uma coragem que não possuía. Num piscar, a claridade foi