ALFA KARIM
Eu carregava um pressentimento inquietante sobre o que Laika me confiara mais cedo. Ela dormia agora, aninhada em meus braços, a cabeça repousando sobre meu peito que ainda palpitava — mas o sono me escapava. A cada lampejo de pensamento, a imagem de Khalid surgia. Preciso pôr as mãos nesse desgraçado; no instante em que o vir, vou matá-lo.
Sei que Laika se apavoraria se a deixasse sozinha, contudo a adrenalina corria em mim como um rio em fúria. Ficar deitado parecia impossível. Tudo fazia sentido, afinal. Por que Laika me frustrava tanto? Medo — ela esteve tomada por medo o tempo inteiro. Cultivava aquela characafobia por causa das atrocidades que enfrentou nas mãos do bastardo.
Lembro-me bem dele: o sujeito que exalava álcool nas reuniões dos Alfas em ascensão. Nunca chegamos a nos enfrentar, embora sua fama de encrenqueiro fosse antiga. Soube que o bando dele fora invadido pelos homens de meu pai porque roubara de nós. Depois virou renegado. O poder subiu-lhe à cabeça e,