Alonzo

Eu nunca entendi o que as pessoas queriam dizer quando falavam sobre “parar o tempo”. Achava que era exagero. Mas agora eu sei. O tempo pára quando ela deita no meu peito e fica brincando com meus dedos como se nada mais existisse. Como se entre nós não existisse passado, filhos, contratos ou mágoas. Só aquele instante.

Ficamos dois dias trancados naquele quarto de hotel. Dois dias sem reuniões, sem agendas, sem mensagens. Dois dias onde eu e Antonella existimos como marido e mulher. Só isso. Sem título, sem pressão. Só… nós.

Eu liguei para a Eliza no primeiro dia.

— Vamos sumir por dois dias — eu disse, tentando parecer menos adolescente apaixonado do que realmente estava. — Pode cuidar de tudo por aí?

— “Ela está ao seu lado?” — Eliza perguntou rindo.

Eu olhei para Antonella enrolada no lençol, sentada na cama, tomando café com o cabelo bagunçado e óculos de descanso.

— Está sim.

— “Está viva?” — ela brincou.

— Muito — respondi, sorrindo.

— “Então some mesmo. Vocês precisam.