Antonella
Eu acordei com a sensação de que o dia ia dar problema.
Talvez fosse só cansaço. Três bebês, uma empresa no ramo das confeitarias pra administrar, uma avó atenta a tudo e… Alonzo circulando pela casa como um fantasma que de vez em quando olhava demais pra mim. Eu fingia que não via. Fingir virou meu esporte favorito.
Vesti uma saia lápis preta, camisa de seda creme e salto médio. Prendi o cabelo num rabo de cavalo alto, fiz uma maquiagem leve, batom nude. Eu precisava parecer a Ceo segura, não a ex-esposa, e esposa novamente, ferida que ainda tremia quando sentia o perfume do marido.
Peguei o celular e revisei a mensagem da secretaria da Bellini-Karvell:
— “Reunião com investidores – presença obrigatória da co-Ceo Antonella Bellini.”
Meia hora depois, outro e-mail, mudança de local. Em vez da sede, seria no restaurante Montalto, na área corporativa. Eu estranhei.
— Ele quem mandou mudar o local da reunião? — perguntei em voz alta na cozinha, enquanto colocava café na caneca