Antonella
O som da chaleira fervendo foi o que me tirou do transe naquela manhã. A segunda noite aqui tinha sido mais longa que a primeira. Tentei dormir, mas os pensamentos não me deixaram.
Fiquei horas encarando o teto, me perguntando o que ainda restava de mim depois de tudo. Quando finalmente levantei, encontrei a vovó na cozinha, de avental e um sorriso calmo, como se o mundo nunca tivesse a abalado.
— Bom dia, meu amor. — ela disse, virando-se para mim. — Café, chocolate quente amargo ou chá?
— Café… depois, chocolate quente — respondi, tentando parecer disposta.
— Ótimo. — ela sorriu. — Porque hoje é o seu primeiro dia de volta à vida.
Fiquei calada, olhando pra ela com uma xícara nas mãos. O aroma do café invadiu o ar, e por um segundo eu pensei em protestar, dizer que ainda não estava pronta. Mas o olhar da vovó dizia o contrário. E com ela, discutir era perda de tempo.
— Eu ainda não entendi o que a senhora quer que eu faça. — falei, meio rindo, meio nervosa.
— Só venha com