Eliza
A manhã estava calma como sempre, e o sol entrava tímido pelas janelas de vidro do meu duplex. O aroma de café recém-passado se misturava ao cheiro leve de pão de fermentação natural que a governanta preparava desde cedo.
Sentei-me na poltrona da sala, com meu robe claro, observando o movimento discreto da casa acordando. Mas o que mais prendia minha atenção era o som suave que vinha do andar de cima, a minha neta iniciando a manhã dela.
Passei as últimas horas antes da chegada dela preparando aquele quarto especialmente para ela. Mandei trocar as cortinas, escolher lençóis de algodão egípcio, colocar flores brancas no criado-mudo e uma luminária delicada.
Queria que ela sentisse segurança, mesmo sem dizer nada. Aquele quarto era o refúgio que eu queria ter oferecido antes, quando o coração dela se partiu pela primeira vez.
Mas agora, ao vê-la tão frágil, observando ela ontem a noite dormindo com o rosto meio virado para o travesseiro e o cabelo emaranhado, percebi que a ferida