Antonella
O barulho das teclas do notebook era o único som no escritório. Eu tentava terminar um relatório de desempenho, mas o pensamento insistia em voltar para o jantar desastroso da noite em que Alonzo me feriu mais uma vez.
Alonzo tinha pedido desculpas, sim, de um jeito frio, quase mecânico. Um bilhete. E mesmo assim, algo em mim se recusava a desistir.
Passei o dia inteiro mergulhada em planilhas, projetos e reuniões. O novo plano de marketing da filial de Montreal era o meu orgulho naquele momento. Trabalhar era a minha fuga, e a forma de provar que eu podia ser mais do que “a esposa do Ceo”.
Quando o relógio marcou quatro da tarde, decidi ligar para Emily. A voz dela, animada como sempre, soou alto no viva-voz.
— “Me diz que finalmente deu certo naquele jantar que ele queria conversar com você.”
Soltei um riso fraco.
— Se por “dar certo” você quer dizer ele me ignorar e acabar com o jantar, então sim, foi um sucesso.
— “Ai, Ella…” — ela suspirou. — “Você ainda acredita que el