A guilda o seguiu pelas ruas estreitas do vilarejo. As casas eram simples, feitas de pedra e barro, e algumas tinham fumaça saindo das chaminés. O povo dali era desconfiado — como todo lugar pequeno —, mas abaixavam a cabeça em respeito quando passavam por Milo. Alguns até acenavam para o lobo com cautela, mas nenhum sinal de medo. Pelo contrário… havia gratidão nos olhares.— Ele é bem respeitado por aqui — comentou Alinna, cruzando os braços.— Salvou metade dessas pessoas da fome. E de monstros piores que um lobo com olhos estranhos — respondeu Milo ao ouvir o comentário, sem nem olhar pra trás. — Eu e Sköll damos conta de proteger essa vila.— Sköll? — repetiu Kaito, curioso.Milo parou, deu um tapinha no flanco do lobo e disse com um sorrisinho orgulhoso:— Ele merecia um nome bonito.Sköll balançou a cauda, mas não tirou os olhos de Andromeda. Ágata lançou um olhar de canto para ela.— Você está bem?Andromeda assentiu devagar.— Onde vocês conheceram esse homem? — ela per
— Olha! É a minha mamãe! — Dara gritou, correndo na direção da mulher.Mas Sköll a impediu, pulando direto na cabeça da suposta mãe.— Nããão! — ela gritou. — Sköll, é a minha mãe! Solta ela! — A garota implorava entre lágrimas até desmaiar ao ver a cabeça sendo arrancada.Kael a agarrou no colo e a abraçou, impedindo que visse o restante.Milo observou, esperando que Sköll voltasse para perto — isso indicaria que estavam seguros. Mas Sköll não voltou. E isso só podia significar uma coisa: perigo.A aura angelical de Andrômeda começou a pulsar, fazendo sua cabeça latejar.— É um ataque! Protejam-se agora! — Milo gritou, sacando a espada.— Pode me ajudar outra vez, Kael? — ele perguntou, ainda com a espada em mãos.— Agui, consegue proteger a vila? — Kael perguntou, apertando Dara contra o peito.Ágata ergueu as mãos.— Claro que sim, mas... não sabemos de onde vem ou de quem é o ataque — disse ela, de olhos fechados, conjurando uma ala azul impenetrável — pelo menos, enquanto estiver
— Tá bom, já deu. Deixa a Dara dormir. — Ordam interveio com um sorriso nos lábios. Porque, apesar dos pesares, a cena era engraçada. — Temos coisas importantes a tratar, vamos. — Ele chamou, levantando a mão para o alto, como se chamasse a atenção de uma pequena tropa.— Ah, só mais um minuto... — murmurou Yoran, manhoso.— Vamos logo. — Boldar respondeu, já puxando o braço dele com impaciência.— O Yoran tá fazendo corpo mole de novo, que novidade — comentou Kaito, ainda abraçado à Ágata.— Cara chato — Yoran resmungou de volta.— Posso falar com você? — Andrômeda perguntou, segurando Kael pelo braço, depois de alcançá-lo no corredor.Ele a encarou, mergulhando nos olhos dela e percebendo a bagunça silenciosa que se escondia ali.— Tá com medo? — ele perguntou baixinho, ajeitando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha com delicadeza.Ela fechou os olhos, cedendo ao toque da mão quente de Kael.— Preocupada, eu acho — ela falou, ainda sentindo o toque dele.— Vamos falar sobre Rari
A noite parecia se arrastar, Andromeda admirava o breu no quarto se recusando a fechar os olhos, ela lutava contra o sono. Não queria dormir e esquecer o que tinha acontecido, Ela nem se lembrou de tudo e se dormisse ia se esquecer do que aconteceu hoje. Mas o passado não precisava de convite para invadi-la, muito menos de olhos fechados e de repente, ela se viu ali outra vez.O salão de mármore branco. As tapeçarias douradas tremulando com a brisa celestial.Andrômeda, ainda uma jovem sacerdotisa, vestida de azul claro, quebrava a maior de todas as leis: atravessar o véu para ver Kael, o demônio que não deveria amar.Ela tocou o portal proibido e sentiu o frio percorrer sua espinha, o medo de tudo que viria depois quase a fez mudar de ideia.Mas do outro lado, Kael a esperava. A aura negra dele contrastava violentamente com a sua, ele e seus olhos — aqueles olhos que carregavam o sol — a faziam esquecer de qualquer punição futura.Ela correu para ele.Foi ela quem deu o prim
— O chá está forte, And? — Boldar perguntou, notando a forma como ela admirava a fumaça que saía da xícara.— Não, claro que não. Eu só estava entretida com um pensamento. O Kaito me falou que certos níveis de magia são considerados inexistentes em humanos, mas podem crescer de acordo com o crescimento do ser humano.— É verdade. Veias de mana são manipuláveis, diferente de magia arcana. — Alinna respondeu, escorando o queixo na mão e fechando os olhos, quase vencida pelo sono.— Ela está certa, mas eu nunca vi magia arcana de perto, pelo menos não desde que saí do inferno. — Boldar respondeu, levantando da mesa e colocando as xícaras na pia.— Magia arcana é mais forte? — ela perguntou, interessada.Boldar se virou, escorando-se na pia.— Eu não sei dizer, mas pode perguntar ao capitão ou à Agui. Por que o interesse repentino?— Tive uma sensação ruim. Senti que perdia algo muito importante e que talvez eu nunca fosse recuperar. — Andromeda respondeu, cabisbaixa.Boldar suspirou.— P
A manhã entregava um visual digno de pintura.Os primeiros raios de sol invadiram a casa, iluminando cada canto antes escuro.A luz dourada pousava delicadamente sobre a xícara de chá que Andromeda ainda segurava — o mesmo chá de Melissa da noite anterior. Frio, mas ainda aromático.Seus olhos, vermelhos, denunciavam a noite não dormida. As mãos, geladas, pareciam não sentir o frio da madrugada que ainda rondava a casa.Ela circulava a ponta dos dedos pela borda da xícara, distraída, malhando levemente as articulações como se o movimento pudesse aquietar os pensamentos que rodopiavam sem parar.Sua mãe era uma deusa.O homem que amava tinha morrido — e talvez ressuscitado.Seu irmão a havia matado por ordem da mãe.Ela era uma sacerdotisa.E agora... podia abrir um portão capaz de destruir o mundo.Parecia mais uma daquelas peças de teatro que via nas feiras da vila, quando vendia queijo de cabra com a mãe.Ela suspirou, cansada.— Madrugou, And? — a voz tranquila de Leon inter
Kaito entrou pela porta da cozinha, a passos calmos quase tentando passar despercebido, mas viu ágata enquanto passava pela varanda.— Agui, pra que tudo isso? — Kaito perguntou, observando com as sobrancelhas erguidas enquanto Ágata erguia quatro alas mágicas ao redor da casa.Uma para proteção, outra para ocultar a magia... e mais duas apenas por segurança.Ágata mordia o lábio, tensa, enquanto reforçava cada runa na palma da mão.— É só por segurança, Kaito... eu acho que...Ele não a deixou terminar.Pegou a mão dela com firmeza, sem desviar o olhar.— Eu sei o que você acha, minha Deusa. — disse, a voz quente. — Estamos indo salvá-las. Não se preocupe, vamos tirá-las de lá e vamos mantê-las seguras. Mesmo que custe minha vida, eu prometo: amanhã de manhã vamos estar longe de Argos, comendo algo gostoso e rindo das piadas ridículas do Yoran.Ágata sorriu, os olhos já se enchendo de lágrimas.Sem conseguir segurar, ela se jogou nos braços dele.Às vezes, nem ela mesma con
Oi, meus leitores! Espero que vocês estejam bem. Esse é meu primeiro livro e coloquei meu coração nele. Espero que sintam e vejam a história como eu vi e senti e viajem pelo mundo em que eu vivo quando escrevo. Curtam muito o livro e sigam a autora, pois Os 7 Pecados Capitais terá continuação. Beijos! --- CAPÍTULO 1: O INÍCIO DE TUDO Houve um tempo em que os gigantes esculpiam montanhas com as mãos nuas, as fadas dançavam em florestas de cristal e os demônios brindavam com vinho sob a luz de duas luas. A Terra era uma tapeçaria de raças, tecida com magia e sangue. Mas o equilíbrio é frágil, e a ganância dos deuses, ainda mais. Nas ruínas de um mundo outrora grandioso, Andrômeda observava o céu, o olhar perdido entre as estrelas. O eco da voz de Kael era longínquo, mas presente. Ela sentia o sangue escorrer entre os dedos, que freneticamente pressionavam o ferimento profundo em seu ventre. — AHHHHHH! O grito de Kael rompeu a planície destruída. A terra rachada se estend