A manhã entregava um visual digno de pintura.
Os primeiros raios de sol invadiram a casa, iluminando cada canto antes escuro.
A luz dourada pousava delicadamente sobre a xícara de chá que Andromeda ainda segurava — o mesmo chá de Melissa da noite anterior. Frio, mas ainda aromático.
Seus olhos, vermelhos, denunciavam a noite não dormida. As mãos, geladas, pareciam não sentir o frio da madrugada que ainda rondava a casa.
Ela circulava a ponta dos dedos pela borda da xícara, distraída, malhando levemente as articulações como se o movimento pudesse aquietar os pensamentos que rodopiavam sem parar.
Sua mãe era uma deusa.
O homem que amava tinha morrido — e talvez ressuscitado.
Seu irmão a havia matado por ordem da mãe.
Ela era uma sacerdotisa.
E agora... podia abrir um portão capaz de destruir o mundo.
Parecia mais uma daquelas peças de teatro que via nas feiras da vila, quando vendia queijo de cabra com a mãe.
Ela suspirou, cansada.
— Madrugou, And? — a voz tranquila de Leon inter